De queda de 40% a alta de 199% nos preços, foi o que o bolso dos brasileiros encarou nos últimos onze anos. A pesquisa é do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, considerando os dados de inflação do IBGE.
O Ipea selecionou 31 segmentos de produtos. A maior elevação, de +199%, foi no preço das carnes. Depois, com aumentos superiores a 150%, estão os planos de saúde, frutas, serviços pessoais e alimentação fora do domicílio.
Apenas um segmento teve queda, mas foi intensa. Os preços caíram em média 40% na categoria de TV, som e informática. Grande parte do recuo é explicada pelo avanço da tecnologia, que deixa os produtos mais acessíveis. A menor alto foi no grupo de despesas com Comunicação, de +12%.
Considerado a inflação oficial do país, o IPCA acumulado no período foi de 89%. Veja a tabela completa do Ipea:
O Ipea observa que, ao longo da última década, a inflação acumulada dos mais pobres foi maior que a dos mais ricos. Isso ocorre porque as maiores taxas de crescimento de preços foram observadas nos grupos relacionados à alimentação, com grande peso na cesta de consumo das famílias de menor renda. O Ipea destaca:
"carnes (199%); aves e ovos (126%); cereais (109%); e leites e derivados (107%). Na outra ponta, os segmentos que apontaram menores taxas de inflação no período, correspondem a uma parcela baixa no gasto total dessas famílias menos favorecidas, pois na maioria dos casos refere-se a bens que não são de primeira necessidade, ou seja, aparelhos de TV, som e informática (-40%), eletrodomésticos e equipamentos (18,5%) e veículo próprio (17%)." - diz o estudo.
As famílias mais pobres gastam 23% da renda com alimentação em casa. É o que aponta a Pesquisa de Orçamento Familiar, do IBGE. Já os brasileiros de renda maior gastam em média 9,1%.