Já responsável por boa parte dos gastos das famílias, a gasolina vem aumentando a sua fatia nas despesas da casa. Há meses, não sai do topo da lista de pressões sobre a inflação.
Ouvintes e leitores reclamam e com razão. A coluna, então, buscou dados para comparar a variação de preços do combustível nos principais elos da cadeia econômica da gasolina.
Refinarias - Quanto subiu: 29,54%
A Petrobras determina o preço cobrado nas refinarias. Em 3 de julho, a estatal mudou a metodologia de cálculo, que passou a acompanhar, por exemplo, as variações do preço do petróleo no mercado internacional e o câmbio. A alteração foi bem recebida pelo mercado, já que antes não havia esta previsão e a gasolina acabava sendo usada como mecanismo político.
Desde então, os ajustes, mais para cima do que para baixo, começaram a ficar praticamente diários. De lá para cá, o preço da gasolina subiu 29,54% nas refinarias, considerando já a elevação desta sexta-feira.
Distribuidoras - Quanto subiu: 19,24%
O preço na distribuidora é livre e depende bastante da capacidade de negociação do comprador. Também é onde há adição de álcool à gasolina. Conforme a pesquisa da Agência Nacional do Petróleo em Porto Alegre, o preço passou de R$ 3,228 em julho para R$ 3,849 no dia 23 de dezembro. A variação, portanto, é de 19,24%.
Posto de combustível - Quanto subiu: 13,80%
Como está na ponta, o preço na bomba é o que deixa o consumidor indignado. Ainda pela pesquisa da ANP nos postos de Porto Alegre, a média do litro da gasolina comum passou de R$ 3,725 em julho para R$ 4,239. O aumento ficou, então, em 13,80%.
Cada etapa da cadeia econômica tem seus próprios custos e margem de lucro. Dentro do preço, além do combustível, há despesas como mão de obra, aluguel, energia elétrica, entre outros. Sem contar a margem de lucro estabelecida por cada empresa.
Lembrando que, em julho, o Governo Federal elevou a tributação sobre a gasolina. O PIS/Cofins foi usado para aumentar a arrecadação e ajudar no ajuste fiscal nas contas públicas.
Além disso, diretor-presidente da Rede SIM, Neco Argenta sempre alerta a coluna que um aumento da gasolina no posto acaba gerando elevação de ICMS logo em seguinte. O valor da base de cálculo do tributo aumenta com o praticado pelo mercado.
Consumidor
Tudo indica que a gasolina só não está mais cara ainda porque o consumidor não deixa. Quando o preço aumenta demais, o consumo cai. A margem de lucro acaba sendo moldada por isso.
Com as recentes elevações, a diretora-executiva do Procon Porto Alegre determinou pesquisas periódicas nos postos de combustível. São divulgadas as tabelas, com os preços e os endereços do estabelcimento.
— Quando lançamos a pesquisa, a ideia era que o consumidor escolhesse o posto mais próximo de onde estava e com um valor menor. Nós, enquanto consumidores, podemos escolher nosso fornecedor, sempre olhando para seu comportamento. Faz parte do jogo do mercado o consumidor excluir aquele que aumentou e preferir aquele que diminuiu — defende Sophia.