Parece que há não muito tempo celebrávamos os 20 anos dos grandes discos dos anos 1990. Que época para se ouvir música, senhoras e senhores, era como se todo mundo curtisse rock. Só que os anos 1990 já estão completando 30 anos. Hora de reviver a nostalgia.
O ano de 1991 foi fora da curva, ou pelo menos assim me lembro deles. No ano que vem, serão celebradas três décadas de lançamento destes clássicos, a lista é grande: Ten, do Pearl Jam; Nevermind, do Nirvana; Badmotorfinger, do Soundgarden; Blood Sugar Sex Magik, dos Red Hot Chili Peppers; o “disco preto” do Metallica; Achtung Baby, do U2; Out of Time, do R.E.M.; e Use Your Illusion I e II, dos Guns ‘N’ Roses. Muitos desses álbuns lançaram as bandas ao mainstream ou inauguraram uma nova fase em suas carreiras.
Quem foi adolescente nos anos 1990 é suspeito para falar da época porque tendemos a idealizar o passado. Mas não apenas por causa disso. Uma análise de dados do Spotify realizada por Seth Stephens-Davidowitz mostrou que a fase da vida mais importante na formação do gosto musical das mulheres é entre os 11 e os 14 anos. Entre os homens, é dos 13 aos 16. Em outras palavras: as músicas mais ouvidas pelas pessoas na fase adulta foram lançadas quando elas tinham essas idades.
Como não se lembrar de The Rhythm of the Night, da banda Corona; Scatman, de Scatman John; e All That She Wants, do Ace of Base, hits que embalaram as reuniões dançantes? Era a época de ouro da MTV no Brasil, que lançou o “clipe da abelhinha” da música No Rain, do Blind Melon, e outros sucessos que se perderam no tempo, como Two Princes, do Spin Doctors; Everything About You, do Ugly Kid Joe; e a grudenta What’s Up?, do 4 Non Blondes.
Aquela foi a década do presidente Fernando Collor, do primeiro impeachment de nossas vidas, do Itamar Franco, mas também do Plano Real, da estabilização da inflação e de uma promessa de tempos melhores para os brasileiros. Todo jovem é meio idealista, mas havia mesmo uma expectativa positiva sobre o que viria por aí.
Agora que a frustração toma conta, a música da época traz de volta aquela inocência dos adolescentes com camisas de flanela amarradas na cintura, ouvindo música grunge no walkman e contando os dias para se formarem no colégio. Agora não faz mais 20 anos que tudo aconteceu, já são 30. Que possamos, pelo menos, brindar aos bons tempos.