Quase um ano depois da coluna A Solidão de Arlene (11/6/2022), lembrei da advogada Arlene Ferreira Graf nesta véspera de Dia das Mães e perguntei como estava.
“Eu estou bem, porque com a graça de Deus eu tenho a consciência de que meu filho não retorna a este plano. Eu só vou me reencontrar com ele quando for a minha vez de ir. Chorar? Sim, mas baixinho e imaginando que Bruno não gostaria de me ver chorando e, claro, sofrendo. A ficha demorou a cair... E enfrento a realidade nua e crua. Bruno se foi, deixou tudo para trás, suas coisas materiais, as quais não gosto de ver... Me dói muito. Ficam as lembranças boas. Também me sinto bem no sentido de que fiz o meu melhor como mãe, enquanto Bruno esteve conosco. Muito carinho e amor sempre. Em palavras e gestos pequenos como agradar nas comidas de que ele gostava. Bruno não era exigente com roupas. Não pedia nada e muito menos de marca. Eu vejo suas fotos que estão pela casa... E só o vejo alegre. Ele foi feliz! E amava muito sua noiva, Renata. Em quase todas as fotos, está com ela. Que ainda não se recuperou. Quanto à luta para mostrar a verdade para quem está receptivo, digo que vencemos muitas batalhas. Graças a um trabalho conjunto foram notificados muitos casos de AVC junto à Vigimed. (...) Eu tenho certeza plena de que colaboramos muito na luta pela não obrigatoriedade do passaporte sanitário. Muitas mães dizem que seus filhos estão vivos graças ao meu alerta. Me enviam mensagens, vídeos, fotos de seus filhos vivos! Me sinto mãe deles também. Enfim, ganhei tantos filhos e filhas! E assim a vida continua.”
Eis, em parte, mensagem que recebi de Arlene. Como contei em 2022, seu filho Bruno Graf morreu aos 28 anos em Blumenau (SC) por AVC hemorrágico/trombocitopenia trombótica imune. Um exame que ela mandou fazer na Espanha (Anti-Heparina PF4, Autoimune) atestou que Bruno morreu por reação adversa à vacina que ele, um jovem saudável, tomou por insistência dela.
A dor a mobilizou. Mas, de autoridades, recebeu o silêncio. De jornalistas do já extinto “consórcio de imprensa” e sua patrulha de “fact-checkers”, Arlene colheu, quando muito, indiferença.
“Ainda hoje”, prossegue Arlene, “fazemos notificações junto à Vigimed para pessoas que não sabem como fazer. Eu; Juliana Foresto, de Jundiaí, e Renata Vasconcelos, de São Paulo. Não vou desistir. As vítimas merecem isto”.
Na nota técnica número 393, o Ministério da Saúde atualizou suas recomendações, estabelecendo que as vacinas de vetor viral AstraZeneca e Janssen estão indicadas para uso na população a partir de 40 anos de idade, preferencialmente. A causa da mudança é o número de casos de reação adversa grave entre pessoas com idade abaixo dos 40, que a nota frisa serem “muito raros”.
Há que se observar, a este respeito, a considerável subnotificação de casos, um quadro que pessoas como Arlene vem tentando, obstinadamente, combater. Pelo visto, com resultados a celebrar.