Eduardo Bueno
Minha relação com o dinheiro é feito a de um cocainômano. Quanto o tenho, tenho a certeza de que não haverá de se finar – e cheiro-o todo de uma sentada só. Tão logo reduzo o vil metal a pó – e sempre o faço –, entro de imediato em síndrome de abstinência, viro gigolô de palavras e saio a vender por preço igualmente vil meu único bem: o verbo, que por vezes ponho a serviço de causas menos nobres que a literatura ou, vá lá, o jornalismo, entregando não só verbos e advérbios como até ,oh céus, adjetivos para quem não os merece.
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