Após meses de confinamento na penumbra gotejante das masmorras da fortaleza de Pedro e Paulo, os prisioneiros arrastavam-se pela praça central de São Petersburgo ofuscados pela luminosidade oblíqua que banhava o palco de sua execução. Entre os padecentes, havia um jovem escritor de 26 anos. Os condenados subiram ao cadafalso e o pelotão de fuzilamento posicionou-se, empertigado para cumprir a ordem. "Preparar" – e o som metálico das espingardas sendo destravadas rasgou o ar gelado da manhã. "Apontar" – e os tambores rufaram, fúnebres.
A pena e a bola
Muitos países batem a Rússia na bola, mas não no time de escritores
Após a morte, eles são endeusados em mármore, bronze ou granito, nas praças, ruas e parques
Eduardo Bueno
Direto de Moscou