Pelas barbas do profeta, e não é que o planeta não acabou? Bola pra frente, vida que segue, verão que chega, aquela festinha de final de ano da firma, amigo secreto, feliz Natal, próspero ano novo, passe bem. Deve ser por isso que os fogos andam espocando por aí. Só pode.
Mas, Alá, meu bom Alá, obrigado por tudo que esse ano trouxe de bom. Coroado, é claro, pela seleção de coisas positivas que o Grêmio mostrou no deserto – embora algumas tenham sido parecidas com miragens. Primeiro, é inegável que anulamos o goleiro Navas. Ele não viu a cor da bola! Em chave oposta, os galácticos simplesmente não viram Luan em campo — o efeito colateral da ousada tática foi que nós também não. Nem o Tite. Por falar em ver, duvido que alguém tenha visto o gol do Madrid melhor que Lucas Barrios: ele chegou a se virar de costas para Cristiano Ronaldo para enxergar a bola entrando antes de Grohe e por um ângulo que nem a TV captou.
Também não dá para esquecer o pênalti escandaloso que o árbitro Cesar Ramos deixou de marcar em Ramiro só porque o pênalti não aconteceu — um detalhe de menos importância. Aliás, fazendo eco ao próprio nome, o diário Marca, de Madrid, denunciou com ardor esse brutal deslize do apitador: ele não marcou! Ainda assim, o referido periódico deixou de mencionar uma suspeitíssima coincidência que a mim não passou desapercebida: o juiz tinha o mesmo sobrenome do capitão da equipe rival: Sergio Ramos, Cesar Ramos. Pode isso, Arnaldo?
E tem mais. Fiz um passeio para lá de fake pela última porção do deserto de Abu Dhabi que ainda não foi loteada. Chegando lá, depois de as peruas 4x4 corcovearem em círculos pelas dunas, nos dando um nó nas tripas, havia uns camelos babando cobertos de moscas (lembrei do Lucas Barrios de novo), umas fantasias mequetrefes de árabe de carnaval, um show de belly dance e um estande onde, por dez dinheiros, dava para fazer uma tatuagem de rena. Quem estava lá fazendo uma marca de garra de tigre na panturrilha? Sim, ele, Cristiano Ronaldo. E tão orgulhoso ficou daquele adereço que a um minuto de jogo já tratou de baixar o meião e mostrá-lo para o mundo. Estava com medo que o planeta acabasse antes que ele pudesse se exibir!
Tá bom, é para falar sério? Perder para o Real Madrid com 9 em campo só por 1 x 0, com "gol de bola parada" e passando justamente no meio dos dois jogadores que não entraram em campo, é quase como ganhar a Batalha dos Aflitos com sete contra dez. Aliás, se Renato tirasse mais dois, perigava o Grêmio fazer frente.
Mas quer saber de verdade? Ainda bem que o planeta não acabou. É bom demais morar num planeta azul. Melhor do que viver em Marte, o planeta vermelho, eu te garanto que é.