O resgate da memória por meio de reportagens em texto, áudio ou vídeo é uma contribuição do jornalismo para que a história de um Estado e de um país se mantenha sempre viva. Jogar luz sobre períodos marcantes do passado nos permite não só entender o presente como mostrar a relevância de se preservar o que restou. A reportagem que ilustra a capa da edição de Zero Hora deste fim de semana (7 e 8/10) tem justamente o objetivo de contar como se encontra o espólio deixado por dois ex-presidentes da República gaúchos que tiveram papel determinante nos rumos do Brasil: Getúlio Vargas e João Goulart.
O repórter Carlos Redel e o fotógrafo Mateus Bruxel foram a São Borja, na fronteira oeste do RS, para ver a situação das casas onde viveram os dois ilustres conterrâneos e que depois se transformaram em museus. Nestes locais se pode conhecer um pouco da trajetória dos dois líderes políticos por meio de documentos, fotos e objetos. A reportagem também expõe a dificuldade de manter o patrimônio conservado.
Há duas semanas, a mesma dupla de jornalistas esteve em Bagé para ver como se encontra a cidade cenográfica de Santa Fé, construída há 10 anos exclusivamente para as gravações do filme O Tempo e o Vento. O que era para ser um legado à comunidade local e um ponto turístico de Bagé está praticamente em ruínas.
Em maio deste ano, o repórter André Malinoski teve acesso a 25 cartas escritas e assinadas por Getúlio Vargas, todas endereçadas ao seu irmão Protásio Vargas, e que ainda não eram de conhecimento do público. O material, que abrange o período correspondente à Era Vargas (1930-1945), uma época conturbada da política brasileira, faz menções a um dos episódios mais obscuros daqueles tempos: a tentativa de vingança de familiares de Getúlio ao jornalista Jovelino de Oliveira Saldanha, na fronteira entre Brasil e Argentina, em 1933, que deixou três mortos.
As três reportagens cumprem o papel de mostrar a importância da preservação, de expor o descaso e de trazer à tona novos fatos.
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