Desde que ocorreu a tragédia no Vale do Taquari, provocada pela chuva intensa, temos acompanhado de perto a situação dos municípios mais castigados pela cheia dos rios. Quase que diariamente, equipes de repórteres, fotógrafos e comunicadores da Redação Integrada de Zero Hora, GZH, Rádio Gaúcha e Diário Gaúcho têm se deslocado até as cidades para mostrar o trabalho de reconstrução. A manchete e a foto da capa desta edição são resultado dessa presença constante junto às comunidades.
O repórter Rafael Vigna faz um balanço dos prejuízos sofridos pela cadeia produtiva das regiões afetadas. Os números impactantes, permeados por depoimentos de quem vive da agropecuária e viu todo o seu sustento ser levado pelas correntezas dos rios, dão a dimensão do que aconteceu no Estado.
– Os olhos dos produtores que presenciaram tudo, enquanto lutavam por sua sobrevivência e a de suas famílias, transmitem um misto de tristeza, incredulidade, medo e desamparo. Todos, sem exceção, ao relatarem o que viram, também reproduzem os sons e o pavor na noite em que os animais “pareciam pedir por ajuda”, mas nada puderam fazer para socorrê-los. Há entre esses produtores um questionamento recorrente se serão capazes de recomeçar. É uma situação que amplia o problema da sucessão rural no RS e fere as pessoas que vivem da renda do campo. Mas apesar das dificuldades, a força para continuar a movimentar a principal atividade do Estado é maior – afirma Vigna, que estava acompanhado do repórter fotográfico Anselmo Cunha.
Já Marcelo Gonzatto, junto com o repórter fotográfico Mateus Bruxel, mostra os reflexos da tragédia por outro ângulo. Cidades como Muçum e Roca Sales, que se desenvolveram às margens do rio, têm o desafio de redesenharem suas áreas urbanas, direcionando o crescimento para locais mais seguros.
– Ao circular por Muçum e Roca Sales, é impressionante ver a dimensão da destruição, mas também a mobilização da comunidade para reconstruir as suas casas e as suas cidades. Em todas as ruas por onde passávamos, havia um movimento frenético de gente tirando barro, consertando paredes, trazendo novos móveis para dentro de casa. A sensação é de que não será um trabalho fácil, mas as cidades vão se reerguer antes do que se pensa – conta Gonzatto.
As duas reportagens estão em GZH.