No dia a dia da Redação Integrada fervilham sugestões de pautas que podem – ou não – se transformar em reportagens. A avaliação sempre é criteriosa. Muitas vezes, as ideias são ótimas, mas de difícil execução ou apuração, o que impede que se transformem em matéria. Em outras, a dica não parece tão atraente, mas a relevância do tema se impõe. E é nessa análise diária que nascem os conteúdos em texto, áudio e vídeo.
Recentemente, a editora assistente do Diário Gaúcho Caroline Tidra recebeu uma dica de pauta preciosa, vinda de uma fonte que ela já havia entrevistado em outras ocasiões. A professora Edinéia Pereira da Silva, uma reconhecida pesquisadora da indumentária gaúcha, entrou em contato com a jornalista para falar de um legado deixado pela fazendeira Maria de Lourdes Noronha – falecida na década de 1990 –, considerado fundamental para entender a história do Estado. Dona Lourdes havia construído, ao longo de décadas, um acervo na Fazenda do Socorro, em Vacaria, composto por roupas que representam o cotidiano dos gaúchos de cem anos atrás.
No dia a dia da Redação Integrada fervilham sugestões de pautas que podem – ou não – se transformar em reportagens.
Conforme Caroline, a sugestão da professora era de que mostrássemos a riqueza do vestuário (são cerca de mil peças) “esquecido”. Ao chegar lá, junto com a fotógrafa Camila Hermes, Caroline deparou com uma história que ia além da coleção têxtil: a intensa trajetória da fazendeira que reuniu as milhares de peças que remontam a práticas antigas do RS.
– A história da dona Lourdes foi a surpresa da reportagem. Quem foi essa mulher? Por que não temos conhecimento dessa colecionadora? O que aconteceu nesses 30 anos com as 5 mil peças que ela colecionou? Fomos atrás dessas respostas. Conhecemos através de relatos uma mulher visionária e de temperamento difícil, mas que valorizou a história dos seus antepassados e desejava preservá-la para as futuras gerações. Mais de 30 anos depois da sua morte, pessoas reconhecem o que ela fez. O local foi tombado como patrimônio histórico, nada pode ser modificado ou tirado de lá – conta Caroline.
A reportagem se encontra no caderno DOC desta edição.