Há cerca de dois meses e meio, contei neste espaço a incursão que a repórter Larissa Roso e o fotógrafo Jefferson Botega haviam feito pelo centro de tratamento intensivo (CTI) do Hospital Conceição para acompanhar a saga de médicos, enfermeiros e pacientes de covid-19 em estado grave.
Formada pela PUCRS, mestre em Medicina pela Faculdade de Medicina da UFRGS e há 22 anos em ZH, Larissa tinha em mente desde o início fazer um segundo mergulho em áreas hospitalares mais impactadas pelo coronavírus. Se da primeira vez a intenção era expor a situação de quem busca recuperação, agora o objetivo foi mostrar a ansiedade de quem está à espera do resultado do exame.
Na última segunda-feira, repórter e fotógrafo foram conhecer outro local fundamental no enfrentamento da pandemia: a Emergência do Pavilhão Pereira Filho, na Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, adaptada para receber casos suspeitos ou confirmados de infecção por coronavírus.
No CTI, o desafio foi conseguir contar para os leitores a rotina de pacientes em estado grave ou gravíssimo, entubados havia dias ou semanas. Quem sobrevivesse àquele período crítico ainda teria uma longa e difícil jornada de recuperação pela frente. Já nesta segunda incursão, a reportagem pôde conversar com diversos pacientes antes e depois dos atendimentos, quando eles ainda não sabiam se tinham ou não contraído o vírus.
– Acompanhei uma consulta, dentro do consultório, e a coleta de secreções do nariz e da garganta para o teste de PCR. Falamos de ansiedade, sofrimento, medo, incerteza – e com seu Brasil Celso Peixoto, 71 anos, até pude rir, tão cativantes eram sua simpatia e seu otimismo – conta a repórter.
Apesar de todos os cuidados adotados, os dois jornalistas afirmam ter sentido uma mistura de emoções:
– Acredito que é meu dever como repórter estar nesses locais. Mas, claro, também tenho medo, principalmente na hora de retirar todos aqueles itens de proteção, quando o risco de contaminação é mais alto, especialmente para quem não tem prática, como é o meu caso – diz Larissa.
– Não tem como não sentir um pouco de medo, mas o sentimento maior é de que eu tinha que estar lá para mostrar como são heróis os profissionais de saúde que estão dando o seu melhor para ajudar a salvar vidas – afirma Jefferson.
O leitor encontra a reportagem aqui.