A classificação épica do Botafogo nos pênaltis contra o São Paulo, com drama e choro após 51 anos de ausência em semifinal de Libertadores, foi boa para o Grêmio. Vantagem mínima, quase invisível, mas do jeito que escureceu o horizonte gremista após a derrota para o Criciúma, em casa, vale se agarrar em qualquer galho de árvore. Vou explicar.
Penso que é impossível não relaxar no jogo seguinte após um episódio como o vivido pelo Botafogo no Morumbi. Difícil manter a cabeça 100% no Brasileirão com a glória eterna ao alcance. A condição de semifinalista pode interferir na concentração do líder, por mais que o Palmeiras esteja na cola e seja preciso vencer. É melhor enfrentar um Botafogo de ressaca, quem sabe com a cabeça lá longe (mesmo que seja por alguns momentos do jogo), do que eliminado e vendo no Grêmio um prato de comida a devorar pós-greve de fome, tendo de dar resposta imediata.
O Tricolor, por sua vez, estará 101% mobilizado, nem que seja pelo medo de levar uma coça, tal a distância entre os dois times. O sabor da Libertadores para um Botafogo desacostumado a sensações do gênero é uma vantagem quase invisível, admito. Porém é a única a favor do Grêmio de Renato.
Nos outros aspectos, já que na bola não há discussão, o Grêmio misturou azar e incompetência. Azar por que o jogo de ida entre Botafogo e River é só 23 de outubro. O técnico Artur Jorge está autorizado a escalar titulares em Brasília, neste sábado (28), às 21h. Terá uma semana de descanso para recuperá-los, até a rodada seguinte.
Se deu azar no calendário, na parte física o Grêmio perdeu a chance de algum benefício por incompetência. Botafogo e Grêmio jogaram na quarta (25).
Tivesse o Grêmio resolvido cedo sua vida contra o Criciúma, em vez de correr atrás do placar abaixo de chuva, poderia ter usado as cinco substituições para descansar titulares. O Botafogo teve o estresse físico e mental próprios de uma decisão, mas o Grêmio conseguiu a proeza de não sair na frente ao menos nisso.