Historicamente, o fator local faz mais diferença para o Inter do que para o Grêmio. Os grandes títulos colorados vieram no Beira-Rio: os três Brasileirões, as duas Libertadores, a Sul-Americana de 2008 e as duas Recopas. O Mundial de 2006 foi em campo neutro, no Japão. Já o Grêmio, das três Libertadores, festejou uma no Olímpico e duas longe do RS. Vale lembrar a Copa do Brasil no Maracanã, em 1997, contra o Flamengo. Mas não será só o mando de campo que influenciará o restante da temporada da dupla Gre-Nal.
Clubes são entidades orgânicas, afinal, de personalidade próprias, que podem ser dizimadas por dois fatores mundanos.
O primeiro fator é o grupo mais curto. Renato tem menos jogadores à disposição para rodar elenco do que Coudet. Se perder Diego Costa, não tem reposição. Sem Cristaldo, não há meia nem parecido. Não há certeza sobre o goleiro, entre Marchesín e Caíque. Quando perde Kannemann, já sem um Geromel sempre lesionado, é um Deus nos acuda. O Inter tem mais peças para repor. A compensação dos jogos atrasados em datas Fifa o penalizará, mas, ainda assim, o elenco é uma desvantagem tricolor.
Por outro lado, o Grêmio tem um aspecto psicológico ao seu lado. O criticado Gauchão salvou o ano gremista — desde que o clube não seja rebaixado pela quarta vez. Não foi um estadual qualquer, mas um hepta que oferecerá a leveza desportiva possível nessa balança de perdas e danos. Já era assim antes da tragédia. Agora, ainda mais.
Sempre defendi a relevância extra do Gauchão 2024, o que me fez concordar 100% com a desidratação (time reserva em La Paz) e risco de excesso pós-festa (derrota para o Huachipato). Renato apostou no passarinho na mão, e agora poderá soltá-lo em favor do Grêmio. O preço de dar o hepta ao rival cobrará juros do Inter.