A campanha já é histórica por si só. Seja qual for o olhar, mesmo o mais cético e desconfiado tem de admitir que a história destacará o tempo em que o vermelho se fundiu com o azul — e vice-versa — numa só cor.
A causa oferece um olhar que vai além da urgente reconstrução do Rio Grande do Sul, devastado por uma catástrofe climática. Dialoga com um ambiente Gre-Nal de menos ódio e violência. Mas, para colaborar, ou tentar colaborar nessa corrente do bem, penso que ficou faltando algo decisivo enquanto símbolo da campanha: a camiseta roxa oficial de jogo.
Uma camiseta roxa com o distintivo do Inter. Outra, igual, com o do Grêmio. Um símbolo, dentro daquela ideia de segunda pele. No caso, pele cheia de cicatrizes do Rio Grande do Sul.
Durante muitos anos, talvez décadas, avistaríamos pontos roxos no Beira-Rio e na Arena como bandeiras humanas de um tempo em que Grêmio e Inter se uniram.
Os times têm de jogar de roxo ao menos uma vez na mesma rodada do Brasileirão. A camiseta venderia como água. Qual a a dificuldade de viabilizá-la, driblando questões contratuais e comerciais em razão de uma excepcionalidade?