De todas as manifestações em prol de chamar a atenção das pessoas para, de alguma forma, ajudarem a minimizar o prejuízo da catástrofe climática gaúcha, nenhuma foi tão impactante como a do Atletico-MG.
Eu estava no meu posto voluntário ali na Rua Conde de Porto Alegre, de onde saem as embarcações para o Quarto Distrito, quando recebi as imagens do treino solidário, pela manhã. Vi meu filho Pedro sumir na água para resgatar pessoas que ainda estão na suas casas e abri tela do celular, antes de voltar para minhas tarefas de apoio, em um local seco, a metros dali. Lá estava o vídeo. Chamei o pessoal para ver, na chuva.
Mineiros cantando o hino riograndense em um treino, com ingresso cobrado só para ajudar gaúchos. De arrepiar. Nenhum clube no Brasil está tão empenhado como o Atlético-MG. Não é só a campanha em si, mas o jeito. São ações com alma. Nada contra e tudo a favor do vídeo pedindo doações e as doações em si, mas o que o Galo está fazendo vai além do protocolo. A prova é que o clube defende a paralisação do futebol, mesmo que isso lhe traga prejuízos.
Gratidão - Toca o coração ver tanta gente de outro Estado agindo assim, como se quisessem abraçar cada desabrigado que perdeu tudo, para muito além da parte material. O que o Atlético-MG está fazendo é inesquecível. Colorados e gremistas, no primeiro jogo que tiverem no Beira-Rio e na Arena, contra o Galo, quando esse inferno passar, deveriam irromper numa ensurdecedora salva de palmas. Depois é competição, claro, mas antes este gesto de gratidão aos mineiros é um dever nosso.
Fortaleza - Ações assim têm o poder de aumentar a rede de solidariedade porque impressionam e alertam sobre a gravidade e abrangência da catástrofe. Também dialogam com a consciência climática, que é universal e amplificadora. Por fim, imagens como as do treino aberto do Galo motivam nós gaúchos, a trabalhar ainda mais. Temos de honrar tanto apoio material e emocional vindo lá de longe. Vale registar ainda o Fortaleza, que entrou em campo com o uniforme de Defesa Civil gaúcha, contra o Botafogo.
CBF ESTÁ LAVANDO AS MÃOS PARA CONDENAR CLUBES GAÚCHOS
Era boato a exclusão de Grêmio e Inter da Libertadores e Sula em troca de vaga garantida em 2025. Tudo se encaminha para os gaúchos jogarem do jeito que der, mesmo sem CT e estádio. Mesmo destreinados, sem ritmo e abalados. Mesmo com risco nos deslocamentos. A Conmebol não suspender é compreensível. Há outros países em questão.
Mas no Brasil, entre brasileiros? É duro. Nunca há unanimidade, como quer a CBF para lavar as mãos. Há clubes e jogadores a favor, mas duvido que Palmeiras ou Flamengo topem.