Durante muito tempo, usamos essa expressão, pelo sucesso tático que teve. O melhor Grêmio montado por Renato, em suas passagens pelo clube, tinha na figura de Ramiro um suporte defensivo a volantes com posse de bola, não afeitos ao bote ou longas perseguições — Maicon, especialmente. O pequeno meia era o ponto de equilíbrio no meio-campo.
Como também sabia entrar na área e tinha bom chute de média distância, Ramiro virou peça-chave no time, inclusive para liberar o extrema pela esquerda. Sem a bola, defendia. Com a bola, participava das transições até como meia. Muitas vezes, Renato tirava o veterano Léo Moura, entrava com mais um atacante na direita e baixava Ramiro para a lateral. Ou seja: era um jogador que, além de tudo, oferecia alternativas sem mexer no esquema 4-2-3-1.
O Grêmio testou muitos ali, de volantes como Montoya a atacantes como Alisson, mas nenhum se firmou de verdade e entregou ao time como Ramiro. Pois Edenilson é o que tem mais chances de encarnar o dublê de Ramiro, hoje no Cruzeiro. Ele deixou o Grêmio ao final de 2018.
É volante, como Ramiro. Joga aberto pela direita, como Ramiro. Faz a lateral-direita, como Ramiro. É disciplinado para marcar, como Ramiro. Pode ser volante centralizado, como Ramiro. Talvez não tenha o chute de Ramiro, mas em compensação é mais veloz e tem mais presença física.
O Grêmio só não pode vê-lo como protagonista, aos 34 anos. Se nunca conseguiu cumprir essa função mais jovem, no Inter e noutros clubes, não será agora, mais velho. Se tratá-lo como coadjuvante, conforme a estratégia de jogo e o adversários, pode virar até um coadjuvante de luxo. É bom jogador, além de disciplinado e dedicado.