Os finalistas do Campeonato Gaúcho estão decididos desde o início desta semana. Em campo, o adversário do Grêmio é o Juventude, e vice-versa. Porém, há uma análise que vai muito além disso. Existem dois clássicos "escondidos" nessa decisão. A final do Gauchão não deixou de ser Gre-Nal nem Ca-Ju, mesmo que Inter e Caxias tenham ficado pelo caminho.
O Grêmio quer vencer o Juventude para se tornar heptacampeão — pela segunda vez na história — e, na sequência, ir em busca do octa, coisa que só o Inter foi no RS até então. Inter e Grêmio foram campeões mundiais e não ficaram tirando onda do Barcelona ou do Hamburgo: a provocação foi e sempre será entre os maiores rivais. O mesmo valer após cada título desses clubes.
Já o Juventude quer o vencer o Gauchão para, além de superar a Dupla e fazer história, sair na frente do Caxias, seu maior rival, na quantidade de Gauchões — o time Grená tem um e Ju teria dois. Então, nenhum dos finalistas está entrando em campo sem pensar em seus respectivos rivais. Isso é o que ajuda a encantar o futebol.
Rudi Armin Petry, considerado um dos maiores dirigentes da história do Grêmio, disse, na década de 1970, algo que representa o que estou trazendo aqui:
— A grandeza do Grêmio se deve à grandeza do Internacional.
Ele era um visionário, entendeu que Inter e Grêmio seriam maiores se continuassem aquela rivalidade. Muito tempo depois, o Luis Fernando Veríssimo, colorado emérito, escreve o seguinte:
— Não somos melhores porque somos fortes ou europeus. Somos melhores porque o Inter quer ganhar do Grêmio, que quer ganhar do Inter, que morre se não ganhar do Grêmio.
O mesmo, aliás, vale para outros estaduais do Brasil. No Paulistão, por exemplo, mais do que vencer o Santos na final, o Palmeiras quer mostrar para seu maior rival, o Corinthians, que o estado tem dono. No Rio a mesma coisa: Flamengo quer vencer do Nova Iguaçu para poder provocar seus rivais. Assim é o futebol braseiro pentacampeão do mundo. O combustível original são as rivalidades regionais, pela divisão política por estados.