Essa polêmica das dancinhas. É mesmo polêmica com “P” maiúsculo ou foi só resmungo de Rob Keane, um ex-jogador irlandês de alguma fama no Manchester United, que sabe tanto de Seleção Brasileira quanto eu de física nuclear?
Ele enxergou provocação lá na cabeça esquisita dele. A onda nasceu assim, de uma criatura só, e foi crescendo e viralizando, no embalo caça-cliques, sem um segundo de reflexão.
As seleções africanas, TODAS, festejam gol dançando. Mais fácil citar um país de origem africana ou latina que NÃO dance. México bailou em gols na Rússia-2018. Cristiano Ronaldo faz pose de herói da Marvel. Mbappé requebra, no PSG e na seleção francesa.
Não poderia, à luz da razão, existir essa polêmica das dancinhas no Catar. Mas ela existe.
Paquetá e Vinicius Jr engatam coreografias desde o dente de leite do Flamengo. Se a dança do Pombo fosse na frente da torcida adversária, ainda vai. Mas não é. São só jovens se divertindo em grupo, como nossos filhos nas baladas e resenhas, felizes a cada gol. Jogar Copa do Mundo pela Seleção é o sonho de todo menino brasileiro. Até quem nunca chutou bola ao menos uma vez imaginou-se nessa situação.
Tem de ser muito chato e ignorante sobre as origens de um país como o Brasil, abençoadamente miscigenado e alegre apesar das mazelas e dores, para ver tanto pêlo em cabeça de ovo. Ou é mesmo polêmica superfaturada só para engajar, na vale-tudo por visualizações, audiência e seguidores.
Aí o problema é mais nosso, da imprensa. Ou seria herança do colonizador branco, que se irrita ao ver negros como Vinicius Jr e Richarlisson tão melhores e ricos do que eles jogando futebol?
Talvez um pouco de tudo, mas a forma como certos assuntos vêm e vão só pelo fato de ir e vir, sem aprendizado algum, chega a desanimar.