Se há um culpado, é o vírus. O vilão é a covid-19, sem dúvida, por mais que esteja na conta do prefeito Nelson Marchezan o veto ao Gre-Nal em Porto Alegre, especialmente após a liberação por parte do governador Eduardo Leite. Mas é fato que, do ponto de vista estritamente técnico, do campeonato em si, o Inter perde muito com a realização do clássico em Caxias do Sul.
O time de Eduardo Coudet praticamente dá adeus ao fator local. Mesmo sem torcida, pergunte a qualquer profissional se ele prefere atuar no seu próprio estádio ou no de outro durante os rigores da pandemia. Todos responderão o mesmo: em casa é sempre melhor. É a familiaridade com o gramado, os funcionários, as rotinas diárias. E o ambiente.
O marketing colorado preparava um ambiente, no Beira-Rio, de modo a diminuir a solidão das cadeiras vazias, com imagens e sons da torcida. No Centenário isso ficará mais dificíl, por questões técnicas e da estrutura do estádio. O Beira-Rio, reformulado para sediar a Copa do Mundo de 2014, tem um sistema de som top de linha, com estúdios montados nas cabines. Os processos terão de ser adaptados para o novo palco do Gre-Nal.
Isso sem falar nas questões de segurança sanitária. Será que o Inter terá condições de entregar os mesmos rigores com tão pouco tempo para preparar tudo? Serão dois dias úteis cheios, segunda e terça-feira. Imagino que será preciso levar uma equipe já no fim de semana para a Serra, com os riscos do deslocamento em um momento delicado, aparentemente sem controle da pandemia por parte das autoridades. Terá de ser assim com as delegações de Grêmio e Inter, aliás. Se o Gre-Nal fosse em Porto Alegre seria mais fácil de as direções e seus médicos controlarem tudo neste reinício do Gauchão.
O fato é que o clássico 425, o mais confuso e atrapalhado da história, será em Caxias do Sul. O Centenário é bom estádio, mas é óbvio que o prejuízo maior é do Inter. Não um prejuízo definitivo, pois não há como saber como estarão os times após quatro meses sem jogar. Mas um prejuízo, sim.