Sigo sem entender como prefeito e governador do mesmo partido, morando na mesma cidade, não conversaram a respeito de uma decisão que move com o Estado inteiro, como é o Gre-Nal.
Bastava Nelson Marchezan e Eduardo Leite terem conversado por telefone. Troca de mensagens. Rapidamente, as divergências ficariam cristalizadas, dando tempo para a FGF não fazer tudo correndo, como é o caso de reorganizar um clássico do Beira-Rio para o Estádio Centenário.
Em tempo: decisão legítima do prefeito. Foi eleito democraticamente. A responsabilidade, por lei, é dele. Tomou a sua decisão, que deve ser respeitada e cumprida. O que não me impede de imaginar que algo estranho aconteceu. Houve ruído medonho de comunicação.
Os números pessimistas do vírus, na Capital e no Estado, estavam colocados há alguns dias, quando o Palácio Piratini liberou treinos e jogos de uma só tacada. O governador libera. Passam uns dias, com o mesmo ou muito parecido quadro ruim da doença, e o prefeito veta.
É o Gre-Nal mais confuso e atrapalhado da história. Tomara que essa sintonia às avessas não afete outras decisões até mais importantes do que o futebol, acerca do combate à pandemia.
Fico imaginando como devem estar se sentindo os jogadores. Obviamente seria muito mais seguro, em termos dos protocolos de segurança sanitária, organizar um jogo entre duas equipes da mesma cidade nesta própria cidade, ainda mais em estádios padrão Fifa feito Beira-Rio e Arena.
O deslocamento até Caxias do Sul implicará mais custo e, sobretudo, mais risco de exposição a covid-19 para os envolvidos. Os jogadores serão diretamente afetados. Muda toda a logística. Eles terão de viajar cem quilômetros.
O Centenário é um belíssimo estádio, com ótimo gramado, mas tem menos estrutura para virar uma bolha sanitária do que o Beira-Rio. Duvido que seja possível controlar pequenas aglomerações nas casas e apartamentos do entorno, que dão vista para o campo. Todos os profissionais envolvidos na partida correrão mais riscos.
Confesso que vou demorar a entender por que raios se liberou treino e jogo para depois proibir o Gre-Nal em Porto Alegre.