A questão é saber até onde vai a convicção do Inter em trazer um técnico maduro, melhor e em estágio mais avançado na carreira do que o recém demitido Odair Hellmann. As portas vão se fechando diariamente: Roger Machado, Tiago Nunes, Cuca. Na segunda-feira (14) foi a vez da investida sobre hermanos argentinos. O vice de futebol Roberto Melo está em Buenos Aires. Eduardo Coudet é o preferido.
Atual campeão argentino esgrimindo com os tubarões Boca Juniors e River Plate, antes disso quase levou o Rosario Central, um clube de porte médio do interior da Argentina, ao título nacional.
Em 2016, Coudet eliminou o Grêmio da Libertadores com duas vitórias e nó tático, amarrando o time de Roger Machado a partir da marcação pétrea em Maicon e Walace.
Jorge Almirón ou Ariel Holán não teriam a grife do polêmico Chacho, amigo de D’Alessandro (jogaram juntos no meio-campo do River) e seu inseparável cachecol.
Ser estrangeiro ou brasileiro é o de menos. Importa que seja bom.
A propósito: eis aí um bom tema.
XENOFOBIA – Essa história de que um estrangeiro chega sem conhecer os jogadores não é impeditivo. Não pode haver xenofobia. Jesus e Sampaoli não sabiam nem o endereço da Gávea e da Vila Belmiro, e estão brigando pelo título brasileiro. Os clubes têm equipes de apoio para informar e municiar as decisões táticas.
Se muitos uruguaios e argentinos fracassaram como treinadores no passado, talvez golpeados pelo ranço corporativista do nosso futebol, é de se perguntar: para cada brasileiro bom e campeão, quantos derrotados ruins existem? Coudet seria uma tentativa de pensar fora da caixinha. Mas duvido que ele vá deixar o Racing, um gigante argentino de torcida enorme. Não agora, ao menos.
GANHANDO TEMPO – A cada dia fica mais evidente que o Inter dispensou Odair sem saber quem colocar no lugar. Julgou ser mais arriscado esperar o time entrar nos trilhos, faltando pouco mais de 10 rodadas para o fim do Brasileirão, do que deixar o comando nas mãos de um interino. Em outras crises, deu certo esperar.
Nessa, houve medo de que não restasse tempo, pelo abatimento do vestiário. Repito o que disse quando a demissão foi confirmada: se for para trazer um tampão tipo Zé Ricardo, terá sido um erro. Nunca os gabinetes do Beira-Rio torceram tanto por vitória contra o Avaí e Vasco. A ordem é ganhar tempo.