Vai ser complicado para os críticos do uso de time reserva explicarem a vitória fácil do Grêmio B sobre o Flamengo quase todo A na noite deste sábado (4), na Arena, pelo Brasileirão, sob liderança de Jael e Matheus Henrique, este já pedindo passagem para substituir Arthur.
Renato Portaluppi escalou um Grêmio totalmente reserva, alegando ser impossível mandar a campo a equipe titular, menos de 72 horas após enfrentar o próprio Flamengo, no empate em 1 a 1 pela Copa do Brasil, ida das quartas de final. Na terça-feira, tem Estudiantes, pelas oitavas da Libertadores. Pois Renato ouviu críticas até de alguns torcedores gremistas nas redes sociais quando confirmou time B neste sábado, priorizando os mata-matas.
Já o Flamengo de Maurício Barbieri, mesmo tendo o Cruzeiro pela Libertadores na quarta-feira, escalou tantos titulares quanto podia, apesar do desgaste para buscar o empate no meio da semana, naquela pressão enorme do segundo tempo. Quis se aproveitar do Grêmio reserva e abrir 10 pontos de vantagem sobre um rival direto na luta por título brasileiro. Quebrou a cara: não conseguiu ser competitivo. Se poupasse mais titulares, talvez conseguisse.
Os argumentos de Renato se confirmaram plenamente. O seu time, mesmo inferior em qualidade, foi 10 vezes mais competitivo e organizado do que o talento língua de fora do Flamengo.
As piores atuações individuais do Flamengo foram justamente as de seus titulares, comprovando o acerto da decisão de Renato. Lucas Paquetá parecia uma caricatura dele mesmo. Os laterais Rodinei e Renê não foram ao fundo, sem gás. Há um lance emblemático, nesse sentido: o que culmina no pênalti desperdiçado por Jael, ainda no primeiro tempo. Everton Ribeiro, após se atrapalhar bisonhamente com Renê e dar a bola a Marinho, abaixa a cabeça e coloca as mãos no joelho, enquanto o atacante gremista voa para a área. É a clássica cena do ar que não vem, do corpo que não responde aos comandos do cérebro. O Grêmio ganhou quase todas as divididas, sempre dobrando marcação.
No Grêmio, o desentrosamento foi superado pela força física e a garra dos reservas, que entraram em campo doidos para marcar pontos com Renato. Mesmo sem brilho, eles se aproveitaram dos espaços oferecidos pelo Flamengo e se fartaram. No gol de Jael, eram dois jogadores de azul pulando contra um rubro-negro. Marinho fez o segundo gol, no comecinho da segunda etapa. O jogo terminou com a torcida tricolor gritando olé. O Flamengo não teve uma chance sequer de gol, enquanto o Grêmio poderia ter até goleado.