Foi uma tarde perfeita para o Inter no Beira-Rio, neste domingo. Venceu e convenceu diante do Botafogo, apagando a má impressão deixada na derrota para o América-MG no meio da semana. Segue firma na luta por uma vaga na Libertadores, o que não é pouco para quem vem da Série B. Seus principais atacantes fizeram as pazes com o gol.
William Pottker marcou dois golaços de rara beleza, abagando as vaias recebidas antes do jogo. Desde a volta da Copa, já são quatro gols em quarto partidas. Damião, já com o bafo na nuca de Jonathan Álvez, também deixou a sua marca, finalizando o placar em 3 a 0. E podia ter sido mais.
E por que houve essa mudança da água para o vinho, apenas três dias depois da derrota por 2 a 1 em Belo Horizonte?
Porque o Inter da reconstrução em 2018 não tentou ser o que não é, como no Estádio Independência.
O Inter não foi acadêmico, abrindo mão da marcação forte e do espírito operário. Só times prontos, com qualidade de sobra e jogadores que atuam juntos há muito tempo podem se dar ao luxo deste perfil coletivo. Lá em BH, sem Rodrigo Dourado, suspenso, bastava Odair escalar Charles, que é do mesmo lugar. Mas a opção foi por mais um atacante, Leandro Damião.
O time começou com quatro atacantes (Nico López, Leandro Damião, William Pottker e Lucca). À frente da zaga, dois volantes acostumados a se lançar ao ataque com a certeza da proteção do ausente Dourado. Em 30 minutos, o jogo estava perdido. A postura da equipe foi acadêmica, deixando muitos espaços e marcando menos no campo todo, como se a vitória viesse à bordo de uma qualidade superior.
Deu no que deu. Mas, contra o Botafogo, o Inter operário voltou. E, assim, o brilho do Inter de Odair Hellmann reapareceu.
O Botafogo não teve uma chance de gol sequer. Danilo Fernandes só teve algum trabalho em chutes de fora da área, ainda assim no segundo tempo, quando a fatura estava liquidada e, naturalmente, o Inter tirou o pé do acelerador. Fora nove finalizações certas do Inter contra três dos cariocas. As conclusões coloradas incluíram belos gols, jogadas trabalhadas de pé em pé, trave salvando e o goleiro Saulo se virando para salvar o seu time.
A volta do tripé formando por Rodrigo Dourado (centralizado), Edenílson (pela direita) e Patrick (pela esquerda) deu solidez para Nico López flutuar entre as linhas do Botafogo, articulando para os atacantes Pottker e Damião. Ao contrário de BH, o Inter ganhou todas as divididas. Retomou a bola segundos depois de o Botafogo recuperá-la.
Assim, Nico teve suporte para ser o melhor em campo, com uma atuação irrepreensível, talvez a sua melhor desde que chegou ao Inter, mesmo sem fazer gol. O uruguaio foi um armador de mão cheia, construindo jogadas com a bola no pé, como a do terceiro gol, de Damião. O Inter goleou o Botafogo porque soube aprender com o que não deu certo diante do América-MG, e isso é mérito de seu técnico, Odair Hellmann. Saber entender os motivos de uma derrota é fundamental na correção de rota.