Desta vez a superioridade do Grêmio foi ampla e sem contestação. A vitória por 3 a 0 fala por si. Mais posse de bola, mais passes certos, mais finalizações e muito mais eficiência na frente do goleiro.
O Grêmio impôs o seu jogo contra o Inter, que ainda tem um longo caminho até consolidar a ideia de revogar o balão e se tornar confiável com a bola no chão. A classificação para a semifinal do Gauchão fica virtualmente assegurada para o Grêmio após o que se viu na Arena na tarde deste domingo. O fato de não ter sofrido o gol qualificado amplia ainda mais a vantagem do time de Renato.
Em resumo: ganhou o time que é superior por ser mais entrosado e experiente, além da qualidade individual de alguns jogadores acima da média, como Luan, Arthur, Geromel e Marcelo Grohe. E ainda tem a confiança que os títulos recentes conferem. O Inter, de outro lado, é uma equipe em construção, com técnico novo e problemas financeiros pesados que, sim, ainda são herança da gestão responsável pelo rebaixamento – e não da atual.
No primeiro tempo houve certo equilíbrio. Ou, ao menos, não se viu o desequilíbrio do segundo tempo em favor do Grêmio. Até o gol de Everton, nos acréscimos, as melhores chances haviam sido do Inter. De bola aérea, é verdade, mas ainda assim do Inter, contra nenhuma de verdade do Grêmio.
Nos dois lances aéreos, a estrela de Marcelo Grohe brilhou intensamente. Na primeira, com Dourado. Na segunda, com Patrick. Só que o Grêmio, em momento algum, se assustou pelo fato de não estar envolvendo o adversário. Ao contrário: seguiu rodando a bola sem se importar com críticas de falta de efetividade.
O espaço apareceu. E veio o gol de Everton com naturalidade, após longa troca de passes, bola de pé em pé em progressão até o atacante aparecer do outro lado para empurrar. O gol abateu o Inter, que voltou para o segundo tempo sentindo os efeitos do jogo do meio da semana, contra o Cianorte.
O Grêmio descansou durante a semana. Vinha de jogo só no domingo passado. No Gre-Nal do Beira-Rio foi o Grêmio que acusou desgaste, e por isso sofreu tanto na volta do intervalo. Era o time de Renato que vinha de partidas em sequência, enquanto o Inter jogara com reservas diante do Cruzeirinho.
A diferença neste domingo, novamente, se deu na qualidade. A do Grêmio é maior, coletiva e individualmente. Quando o Inter não conseguiu algum equilíbrio na força e no fôlego, o Grêmio passou por cima. Odair organizou o time no 4-1-4-1, com Marcinho e D'Alessandro abertos, mais Patrick e Gabriel Dias por dentro. Temendo o contra-ataque veloz do Grêmio, mesmo quando retomava a bola colocava poucos jogadores adiante da linha da bola. Daí os ataques restritos ao jogo aéreo. O Grêmio manteve o seu 4-2-3-1, sem surpresas, com Leo Moura na ausência de Madson e Jael na frente. Pottker e Damião fizeram muita falta ao Inter.
O golaço de falta de Jael desmontou o Inter de vez. Além da atuação superior gremista, quem poderia esperá-lo? A partir daí a superioridade do Grêmio foi imensa. Do banco, Renato chamou Arthur, que selou o 3 a 0. Do banco, Odair Hellmann chamou Fabiano e Rossi para resolver, dois jogadores que mal chegaram ao Beira-Rio. Marcelo Lomba é um bom goleiro, mas Grohe é extraclasse. O goleiro do Grêmio operou milagres em lances decisivos e emblemáticos. O do Inter, não.
A verdade é que as diferenças entre Grêmio e Inter apareceram nitidamente no Gre-Nal deste domingo, na Arena. Ficou claro o estágio das duas equipes. O Grêmio, campeão da América, é um time pronto. O Inter, egresso da Série B, ainda tem um longo caminho pela frente.