Antes de mais nada, pare em minha frente e diga que jamais criticou o Jael. Pois, cruelmente, o futebol é apaixonante por isso. Às vezes, quem menos esperamos vira o ator principal de uma história inesquecível. Jael escreveu seu nome na história do clássico Gre-Nal.
Daqui a 20 anos, estaremos falando daquele clássico 414, que foi comandado por Jael. Ele estará nas rodas de bate-papo dos torcedores em volta da Arena, será lembrado pela imprensa nas mesas redondas. Foi uma atuação de gala, digna dos maiores da história. Meu Deus, que empolgação é esta, que toma conta do meu interior. Jael foi tão espetacular, que eu aposto que Marcelinho Carioca, Arce, Zico e os maiores cobradores de falta da história, se curvaram na noite deste domingo, quando viram a bucha do camisa 9 gremista nos Gols do Fantástico.
Batida de falta de cartilha, do jeito correto. Mas o improvável ainda estava por vir. Não sei se o Cruel está nessa onda futevôlei, que toma conta das quadras da Capital. O passe que ele deu para o Arthur é uma pintura. É de uma beleza plástica tão grande que deveria ser vinheta obrigatória em qualquer programa esportivo. O Grêmio precisa exibir no museu do clube. As crianças precisam tentar imitar o lance. Eu quero morar nesse lance, viver naquele passe, que fez o tempo parar.
O segundo tempo de Jael foi tão marcante, que fez as duas defesas monumentais de Grohe serem coadjuvantes. Por São Galatto, Danrlei de Deus e Lara Imortal: que goleiro é esse? Grohe escreve mais um capítulo importante em sua história vitoriosa. Mas para o azar de Marcelo, gostamos e valorizamos personagens improváveis. E a vida é cruel por isso. Ele foi incrível numa tarde em que escrevemos um novo episódio da nossa história. O 18 de março de 2018 será sempre lembrado como o capítulo batizado como La Casa de Jael.
De maneira bem prática, o Grêmio foi melhor do que o Inter em todo o confronto. Novamente, Everton foi uma tormenta na vida da defesa colorada. Luan, percebendo a forte marcação, ainda no primeiro tempo, puxou o jogo para o meio, abrindo espaços para os laterais. Para não dizer que tudo são flores, me preocupa a bola aérea da nossa defesa. É ali que estamos pecando. Reduzindo esse risco, vamos para as cabeças em mais uma temporada.