Euforia, só do lado de fora do vestiário. Na entrevista depois da goleada por 3 a 0 no clássico deste domingo, na Arena, o técnico Renato Portaluppi já iniciou o processo de blindagem de seu grupo de jogadores para a partida de volta, quarta-feira, no Beira-Rio. Sua preocupação quanto a controlar as manifestações dos jogadores foi ao extremo. Ainda na beira do gramado, pediu a todos que enfatizassem que a vaga nas semifinais não está assegurada.
— Vamos continuar com os pezinhos no chão. O Grêmio foi mais time nos primeiros 45 minutos no Beira-Rio e durante todo o jogo de hoje. Mas isso não nos credencia. Nem sempre o melhor ganha — disse o técnico, reconhecendo, contudo, que, neste momento, a vantagem é boa. — Nada do que vem de fora entra no nosso vestiário. Vamos continuar respeitando o Inter, que tem condições de conseguir a vitória na quarta-feira.
Para Renato, ainda é prematuro projetar a equipe para o próximo Gre-Nal. Questionado sobre a possibilidade de utilizar Arthur desde o início, explicou porque o jogador negociado com o Barcelona não começou o clássico da Arena. Primeiro, observou que precisava de jogadores de maior estatura contra o Inter. Destacou, também, que seria arriscado escalar dois jogadores que vinham de longa parada, casos de Arthur e Léo Moura.
— Sei o que estou fazendo quando tomo algumas decisões. Hoje (ontem), ele entrou um pouco perdido pelo ritmo de jogo. Se o coloco de cara, o Inter iria tomar conta do jogo.
Por fim, o técnico fez elogios a Jael pela aplicação e aproveitamento nos treinamentos fechados em cobranças de falta e pênaltis. E, também, a Marcelo Grohe:
— Eu disse a ele no vestiário que a defesa (no chute de Rodrigo Dourado) havia sido tão importante como aquela contra o Barcelona-EQU pela Libertadores.
Também sobrou humildade aos jogadores. Ainda que o clima nas cadeiras da Arena fosse de euforia, todos os jogadores entrevistados enfatizaram que haverá dificuldades no jogo de volta, quarta, no Beira-Rio, apesar da elástica vantagem obtida na Arena.
Tudo começou pelo argentino Kannemann:
— Teremos um jogo duro lá. Hoje, fizemos as coisas muito bem, mas ainda não há nada ganho.
Para Luan, a diferença em relação ao Gre-Nal da fase classificatória, no Beira-Rio, foi a postura do Grêmio ao longo de toda a partida.
— Sabíamos que era preciso manter a concentração o tempo todo. Desta vez, não desligamos — disse o atacante. — Temos o segundo jogo ainda. Fizemos um grande resultado dentro de nossa e temos de fazer valer lá (no Beira-Rio).
Para Arthur, também não há favoritos. Ele vê o Grêmio em um melhor momento, mas entende que as coisas se equivalem em clássicos. O mesmo pensamento foi manifestado por Marcelo Grohe.
— Temos mais 90 minutos. O que não podemos é entrar com soberba e clima de já ganhou. O futebol não perdoa a falta de humildade — reforçou o goleiro, que fez, ao longo da partida, três defesas decisivas para evitar gols do Inter.
Para o goleiro, o momento é de o Grêmio usar a experiência acumulada ao longo dos últimos dois anos, em que sempre se sobressaiu em competições mata-mata.
— O nosso grupo não vai baixar a guarda. Vai se concentrar ainda mais — garantiu.
Nem mesmo a diferença entre os dois times, neste momento, é admitida pelo Grêmio. O vice de futebol Duda Kroeff destaca que o Inter vem em fase de crescimento. Ele confessou que nem mesmo em seus melhores sonhos poderia imaginar uma vitória de 3 a 0.
— A vaga está encaminhada, sim. Mas não adianta nada ficar encaminhada — disse Duda.