Depois do jogo entre Grêmio e Palmeiras deu-se toda aquela confusão que se viu. Torcedores do Grêmio invadiram o campo, quebraram a sala do VAR, confrontaram a Brigada Militar... o tumulto de praxe. Mas lá em cima, nas arquibancadas, um grupo de gremistas e outro de palmeirenses se empenharam numa das brigas mais originais que já assisti.
Eles estavam separados por uma alta parede de vidro, tão sólida que não conseguiam transpô-la. Só que isso não impediu que lutassem com denodo. Ambos os grupos desceram até o final da parede, os palmeirenses no lado esquerdo e os gremistas no lado direito. Como o espaço era reduzido, um campeão de cada grupo foi escolhido para o duelo. Então, o gremista enviava um soco em curva, contornando a parede com o braço direito, tentando atingir o palmeirense do outro lado. O palmeirense se esquivava, mas não recuava, porque, em seguida, era a vez dele. Assim, ele arremessava punho esquerdo pelo lado da parede, tentando acertar o gremista.
Ficaram algum tempo envolvidos nessa espetacular briga sem contato físico. Para respeitarem completamente os protocolos da covid, faltou apenas que os dois estivessem de máscara. Não estavam. Lamentável.
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HÁ UM PODER DOMINANDO O GRÊMIO
Há uma melancólica sintonia de alma entre o time e a torcida do Grêmio. Ambos estão com os nervos despedaçados. O Grêmio tem até jogado bem, mas, se leva um gol, se desmancha. Falta-lhe a autoconfiança indispensável para tentar a reação.
Nesse momento, não adianta procurar culpados; é preciso procurar, tão-somente, soluções. O que fazer para devolver aos jogadores a certeza de que eles podem vencer?
Contratar psicólogos?
Palestrantes motivacionais?
Padres e pastores?
Não sei. Mas sei que é aí que a direção do Grêmio tem de trabalhar: na cabeça dos jogadores.
É interessante isso. É até bonito de observar esse poder do nosso cérebro. Ele muitas vezes nos sabota, inventa perigos, nos enche de medos. Nós sabemos que aquele temor é irreal, mas não conseguimos refreá-lo. É como a paixão. O homem apaixonado é um doente, ele está fora de si e da realidade. Não adianta falar, não adianta aconselhá-lo. Ele não ouvirá. Ele não quer ouvir. No entanto, depois, quando a paixão finalmente se esvair, ele ficará surpreso consigo mesmo: como pude fazer tantas bobagens por essa mulher?
Nenhum de nós está a salvo do seu próprio cérebro. As camadas inferiores da nossa inteligência e do nosso espírito vez em quando assomam, e dominam as superiores, e nos fazem mal. É o que está acontecendo com o Grêmio. Numa situação de pânico, o subconsciente o controlou. Fugir desse jugo nefasto significa fugir da segunda divisão.