Steve Jobs, que sabia das coisas, dizia:
“Você pode encarar um erro como uma besteira a ser esquecida ou como um resultado que indica uma nova direção”.
Quer dizer: não basta reconhecer o erro. Depois de reconhecê-lo e analisá-lo, é preciso fazer diferente, até que se chegue ao acerto.
Se Steve Jobs estivesse vivo e fosse dirigente do Grêmio, ele certamente informaria a Renato que a soma de muitos erros iguais não leva a um acerto. A soma de muitos erros iguais leva a outro erro igual.
Steve Jobs talvez observasse que algumas mudanças já experimentadas pelo próprio Renato levaram a resultados diferentes, o que significa que é grande a probabilidade de que levem, também, ao acerto.
Falo especificamente de mudanças protagonizadas por dois jovens jogadores, Darlan e Pepê. Um deles, Pepê, já provou ser um atacante mais agressivo e efetivo do que o titular, Alisson. Com ele em campo, o time fica mais agudo. Além disso, os marcadores ganham uma preocupação extra e Everton ganha mais liberdade para jogar. Aconteceu assim neste domingo, em Eldorado do Sul. Quando Pepê entrou, em meados do segundo tempo, os marcadores se dividiram e Everton cresceu.
Quanto a Darlan, bem, ele foi o destaque do Gre-Nal. Sua entrada deu alívio aos laterais e liberou um pouco mais Jean Pyerre para a armação. Darlan e Matheus formaram um bom par na intermediária, espécie de Xavi e Iniesta caboclos, o jogo no meio-campo passou a fluir com naturalidade, ganhou em movimentação e marcação.
Essas qualidades, Darlan vem mostrando desde o ano passado, não apareceram só no Gre-Nal. Mas o clássico confere selo de garantia a um jogador. Supunha-se, portanto, que ele se tornaria o reserva imediato de Maicon, um líder forte do time, mas que já está ingressando na época grisalha da veterania. Ou seja: a lógica indica que Maicon já tem seu sucessor, e que este sucessor é Darlan.
Assim, é mais ou menos óbvio que, se Maicon não puder jogar, quem deve entrar é Darlan. Mas não foi o que aconteceu em Eldorado. Maicon estava fora e Renato escalou Lucas Silva na frente da área.
Não diria que foi um erro terrível de Renato. Afinal, Lucas Silva é bom jogador. Mas é desanimador para quem queria ver algo novo, para quem gostaria de ver mudanças que indicassem o caminho do acerto. Steve Jobs, que sabia das coisas, ficaria decepcionado.