O retorno das operações 24 horas por dia no Aeroporto Internacional Salgado Filho, a partir desta segunda-feira, é mais um marco da recuperação do Rio Grande do Sul após a enchente de maio. A normalização das atividades aéreas, aproximando-se do movimento anterior à tragédia climática, terá outra etapa de grande força simbólica vencida durante a semana, com a volta dos voos internacionais. Na quinta-feira, depois de mais de seis meses, uma aeronave decola de Porto Alegre rumo à Cidade do Panamá.
A reconstrução total da infraestrutura de transportes do RS, no entanto, ainda está longe de ser integral
Cada passo do reerguimento do Estado é um acontecimento merecedor de celebração. No caso do Salgado Filho, invadido pelas águas que invadiram os terminais e danificaram a pista, retomar a ligação direta do Estado com o Exterior repõe à Capital a condição de metrópole, conectada com grandes cidades de outros países e com maiores facilidades de conexões. O retorno das ligações internacionais, assim como o funcionamento ininterrupto do Salgado Filho, significa agilidade para quem chega e parte do Rio Grande do Sul em viagens de turismo, para eventos, negócios ou outros compromissos. Aos poucos, todos os transtornos e prejuízos ocasionados pelo fechamento do aeroporto, reaberto para voos domésticos em outubro, vão ficando para trás.
A normalização das operações ocorre de forma paulatina. Antes da cheia histórica, o Salgado Filho contava com uma média diária de 164 voos. Atualmente são 110 e o planejamento é alcançar 124 no próximo mês. Os destinos nacionais são 11, mas novas capitais brasileiras passam a se conectar com Porto Alegre nesta semana. Em janeiro também serão retomadas viagens para Lima, no Peru, e Santiago, no Chile. A previsão de voo direto para Buenos Aires é para março. A ligação com Lisboa retorna dia 1º de abril.
O transporte de mercadorias, outra atividade relevante, está próximo de voltar a plena capacidade. Conforme a concessionária Fraport, 80% das operações do terminal de cargas foram retomadas. A previsão é ter a recuperação integral até meados do próximo ano. Ganha a logística do Estado, que torna a ter celeridade para despachar e receber mercadorias de maior valor agregado, adquiridas e vendidas, do mercado interno ou do Exterior. Isso significa redução de custos e competitividade, com benefícios para a economia gaúcha.
A regularização da malha aérea é um alento para as atividades econômicas que dependem da ligação ágil e a preços razoáveis do Estado com outras cidades. Ganham os setores de turismo, de cultura, de eventos e outra grande variedade de serviços, como gastronomia e hotelaria. Ganham também os gaúchos que pretendem viajar para as festas de fim de ano e as férias de verão.
A recuperação da infraestrutura de transportes do RS, no entanto, está longe de ser integral. Restam estradas e pontes a serem reconstruídas. A ligação ferroviária com o restante do país segue bloqueada. Dragagens são necessárias para restabelecer a capacidade das hidrovias. Aguarda-se que o investimento de R$ 731 milhões detalhado pelo governo gaúcho na sexta-feira garanta boas condições de navegação e dê novo impulso ao modal. Cabe à sociedade gaúcha permanecer vigilante e cobrar o restabelecimento total da capacidade logística do Estado.