Pesquisas de opinião costumam colocar a segurança pública como uma das principais inquietações da população. No Estado e no restante do país. Foi um tema que atingiu o ápice das preocupações em meados da década passada, quando explodiu o número de mortes violentas, em boa medida resultado de uma guerra sangrenta entre facções. Mesmo que a criminalidade ainda cause apreensão, as estatísticas demostram que, ao longo dos últimos anos, houve uma redução substancial dos homicídios e delitos contra o patrimônio no Rio Grande do Sul. Até os estelionatos, que cresceram em altas taxas após a pandemia, facilitados pelos golpes no ambiente online, diminuíram.
Será promissor se virar rotina a sociedade gaúcha celebrar e perceber, a cada virada de calendário, um ano mais seguro do que o anterior
Os indicadores mostram que o recuo é uma tendência, e não algo pontual. Essa é a constatação digna de nota e de reconhecimento. Ilustram bem essa situação os números de crimes violentos letais intencionais (CVLIs). Em 2018, de janeiro a novembro, foram 2.554 vítimas. Neste ano, também no consolidado de 11 meses, 1.550, uma redução de 40%. Em relação a 2023, a queda é de 15%. Dessa forma, o RS caminha para ter em 2024 o ano com os melhores indicadores de segurança desde o início da atual série de estatísticas do governo gaúcho, em 2010.
Os dados de novembro, publicados na quinta-feira, confirmam a queda na criminalidade. Caíram, na comparação com igual período do ano passado, delitos como homicídios, latrocínios, abigeato, roubos a pedestres e de veículos, entre outros.
Feminicídios destoaram, com uma alta de 83% ante novembro de 2023. É um crime que continuava a desafiar as autoridades quando os demais CVLIs já demonstravam arrefecimento em anos anteriores. Mas, a despeito do salto localizado em novembro, no acumulado do ano há redução de 15% nos casos. Ainda assim, o salto nos feminicídios no mês passado exige atenção.
A queda da criminalidade no Estado, a partir dos últimos anos da década passada, reflete uma conjugação de ações. Passa pelo maior investimento em viaturas, armamentos e demais equipamentos utilizados por forças policiais, com recursos não apenas públicos, mas também privados, pelo incremento da integração entre Polícia Civil e Brigada Militar (BM) e pela estratégia do programa RS Seguro, que dá atenção especial aos municípios críticos. O combate às facções, com policiamento ostensivo em áreas sensíveis, aposta na inteligência e descapitalização desses grupos de delinquentes, também passou a ser prioridade. Sufocá-las nas ruas e asfixiá-las em suas finanças é uma combinação essencial para o cerco a essas quadrilhas bastante organizadas, diversificadas e sofisticadas dar resultado.
O governador Eduardo Leite anunciou um investimento de R$ 1,4 bilhão na segurança nos próximos dois anos. Os recursos vão para a BM, a Polícia Civil, os Bombeiros, o Instituto-Geral de Perícias e para o sistema penal. É preciso, sem dúvida, ampliar e qualificar a estrutura carcerária e evitar que facções ampliem seus domínios nas cadeias. Cerca de R$ 100 milhões irão para sistemas de bloqueio de celular e contra drones.
Segurança pública também é um indicador de qualidade de vida. Aguarda-se que a verba seja aplicada no prazo estipulado e gere os efeitos esperados para a criminalidade continuar em declínio no RS. Será promissor se virar rotina a sociedade gaúcha celebrar e perceber, a cada virada de calendário, um ano mais seguro do que o anterior.