Meu Pocolino fez 12 anos ontem. Não é mais um Pocolino, é um gurizão. Sempre digo, e já escrevi, que essa é uma idade fundamental para o homem. Porque nós, homens, evoluímos precisamente até os 12 anos e, então, cessamos. Para sempre seremos o que nos tornamos naquele momento.
Não estou falando, claro, do aprendizado de conteúdos, das conclusões que tiramos com a experiência ou das transformações que o mundo opera em nós. Estou falando da essência do ser humano. Aos 12 anos, o caráter do homem está formado. Tudo o que é realmente relevante em uma pessoa já está ali: o tamanho do senso de justiça, a honestidade (ou a desonestidade), a empatia (ou a falta de), a alegria (ou a tristeza) e, sobretudo, o maior de todos os predicados: a lealdade.
Olhe para um menino de 12 anos. Se você vir nele senso de justiça, honestidade, empatia, alegria e lealdade, verá um projeto bem-sucedido de adulto, porque não há presente melhor que um pai possa dar ao filho do que fazer dele um homem que mereça a felicidade que tem.
Isso também se aplica às meninas, óbvio, só que elas funcionam de outra forma – elas continuam evoluindo. Além de não gostarem de jogar palitinho, de não fazerem cocô quando estão viajando e de serem muito exigentes a respeito de piadas, as mulheres são diferentes de nós por possuírem uma notável capacidade de transformação. Elas melhoram, elas amadurecem, enquanto nós ficamos sendo o que fomos aos 12 anos: crianções.
Você dirá que estou generalizando, e estou mesmo, até porque só se pode falar do geral generalizando. Mas há exceções: os homens que não seguem sendo guris por toda a vida são os chatos. E são inconfiáveis.
Há uma maneira bastante precisa de identificar o homem leal e o desleal, o confiável e o inconfiável: procure os amigos dele.
Aliás, há uma maneira bastante precisa de identificar o homem leal e o desleal, o confiável e o inconfiável: procure os amigos dele. Se ele está rodeado por amigos de verdade, ele é leal e confiável; se não há amigos nas imediações, afaste-se. Ele é perigoso. O homem desleal e inconfiável pode contar com bajuladores, bajulados ou cúmplices, nunca amigos verdadeiros.
Espero ter feito um bom trabalho de pai com o meu menino, até agora. Espero ter conseguido entregar a ele tudo o que acho que um homem deve ter. Porque, como disse acima, o importante não é ser feliz: é merecer a felicidade que se tem.