Um amigo disse, outro dia, uma frase da qual gostei: "Ninguém tem duas chances de passar a primeira impressão".
Ou seja: é preciso caprichar logo de saída.
Grêmio e Inter são a prova de que Porto Alegre e o Rio Grande do Sul podem funcionar. Basta que haja um pouco de harmonia.
Pensando nisso, pergunto: qual é a primeira impressão de quem chega a Porto Alegre? O forasteiro que vem do aeroporto, por exemplo, roda por uma Avenida Farrapos onde quase todos os prédios estão pichados, muitas lojas foram abandonadas e, em alguns pontos, grupos de sem-teto simplesmente acamparam em áreas públicas, armando barracas no encosto de paredes ou nos canteiros, feito os refugiados venezuelanos de Roraima.
Seguindo em direção ao Centro, o visitante passará por ruas sujas, de aparência hostil, como a Nova York dos anos 70, quando Charles Bronson sentia irreprimível desejo de matar. Mesmo edifícios históricos e de inegável beleza, como os que levam a assinatura de Theo Wiederspahn, encontram-se em deprimente situação de degradação.
Todo esse trajeto, e outros tantos que ousar percorrer, o turista fará por vias perigosamente esburacadas. Nem faz tanto tempo que estou na cidade e já sei a história de alguns buracos de rua. Lembro de um que conheci pequenininho, do tamanho de um moeda de R$ 1. Então, houve aquela chuva de julho e ele foi crescendo, crescendo e se tornando importante. O buraco, você sabe, quanto mais se tira dele, maior fica. E aquele buraco ficou robusto, profundo, uma cárie do asfalto.
Ah, Porto Alegre… É quase de desanimar.
Quase. Porque não desanimo. Sei que Porto Alegre pode reagir, e direi por que sei: por causa da dupla Gre-Nal. Olhe para Grêmio e Inter. São duas potências mundiais. Agora mesmo, estão entre os quatro melhores do Campeonato Brasileiro. Digo mais: Grêmio e Inter são os dois melhores times do Campeonato Brasileiro. Mais ainda: o vencedor do Gre-Nal de 9 de setembro será o campeão do Brasil.
Você talvez ache que minha previsão é exagerada. Verá, no final do ano: um dos dois será campeão brasileiro.
Mas o que importa nem é a situação no atual campeonato, é o desempenho da dupla Gre-Nal a cada ano. Um dos dois está sempre na iminência de ser campeão, quando não os dois, como hoje. Isso em um Estado que movimenta cerca de 7% da economia nacional, que parece mais periférico a cada ano que passa e que não consegue cumprir compromissos básicos, como pagar em dia os salários dos funcionários públicos.
Como se explica, então, a pujança da dupla Gre-Nal?
É a união de esforços. Grêmio e Inter representam milhões e esses milhões, quando se movimentam para fazer algo, fazem. E fazem bem. Há concorrência entre Grêmio e Inter, mas não há oposição. Um realiza, o outro imita. Um conquista, o outro não descansa até conquistar igual. Eles não se sabotam, eles se emulam.
Grêmio e Inter são a prova de que Porto Alegre e o Rio Grande do Sul podem funcionar. Basta que haja um pouco de harmonia. Um pouco de bom senso.
Já perdemos a chance de dar muitas primeiras boas impressões. Mas haverá outras impressões a passar.
E opiniões a mudar. Desde que o gaúcho seja menos de oposição.
E mais torcedor.