Entra ano, sai ano, e o jeans continua na moda. Nunca sai, na verdade. Mesmo sendo antigo (lá se vão 150 anos desde o início da sua popularização), ou quem sabe também por isso, o jeans é o tecido mais usado do mundo. Aqui e do outro lado do planeta, é igualmente popular.
Existem a calça, a jaqueta e o macacão. Aliás, foi o macacão que deu início à popularização do jeans pelos trabalhadores americanos. Levi Strauss (não confundir com o antropólogo que veio ao Brasil Claude Lévi-Strauss), um comerciante de tecidos nos Estados Unidos, começou a vender o vestuário. Não por acaso, virou uma das marcas de jeans mais famosas do mundo. A etiqueta na parte de trás da calça ainda é a mesma de 1873: uma calça jeans no meio e dois cavalinhos, cada um puxando para um lado para demonstrar a resistência. O tema me interessa não pela efeméride, a data, mas pela maneira de introdução e glamourização do “brim” e pelo seu papel na história.
Surgiu primeiro na França, mas foi nos Estados Unidos que o tecido se tornou mais maleável. O jeans extrapolou o território do trabalho e se tornou tão popular que passou a ser massificado. Antes disso, nas décadas de 30 e 40 do século passado, teve a ajuda do cinema: John Wayne, Marlon Brando e James Dean emprestaram ao jeans a imagem de transgressão.
O brim passou a ter mais aceitação das mulheres quando Marilyn Monroe usou as calças em um de seus filmes. Elvis Presley também estrelou um filme com peças feitas do tecido. Além, é claro, de usá-lo repetidas vezes quando subia ao palco para cantar. Na música, houve outros garotos-propaganda globais. Lembram-se das calças rasgadas dos Ramones?
A União Soviética, o paraíso do proletariado, não conseguiu fabricar uma calça parecida. Em 1991, os jovens russos cansaram da vigilância, da opressão e da angustiante falta de liberdade até para escolher uma simples calça e pressionaram pela desintegração do império soviético. Hoje, o jeans é o vestuário mais usado no mundo porque o tecido é resistente, tem uma simbologia, cai bem com qualquer outra roupa e é durável. E acaba de completar um século e meio com a vitalidade de quem veio para ficar.