Há duas semanas, vivemos o dia mais tenso da pandemia em Porto Alegre. Na sexta-feira, 17 de julho, o gabinete de crise da prefeitura ficou a um passo de decretar lockdown na cidade. Os números de internações de leitos em enfermarias e em UTIs haviam disparado nos dias anteriores a ponto de os hospitais mudaram seus protocolos de atendimento.
Dos médicos dos maiores hospitais de Porto Alegre, o prefeito ouviu que se não houvesse o fechamento total da cidade, com restrições ainda mais profundas de circulação, correríamos o risco de virar o mês de julho sem leitos disponíveis. Ou seja, com o claro risco no horizonte de possibilidade de falta de vagas em UTIs.
O assunto chegou a ser discutido com entidades empresariais. Não houve consenso. Foi um dia com os nervos à flor da pele. Por um fio, não fomos submetidos ao mais traumático processo coletivo de reclusão. O prefeito recuou.
Duas semanas se passaram, o quadro começa a se estabilizar, mas ninguém na prefeitura ousa falar em inversão da curva. Ainda assim, os jogos de futebol da dupla Gre-Nal foram liberados. Não duvido da seriedade dos protocolos da Federação Gaúcha de Futebol, que sempre tratou o assunto com seriedade. E, sim, os prefeitos da Região Metropolitana abriram a porteira ao liberar os jogos. Mas a capital gaúcha é o símbolo do rigorismo das medidas restritivas até agora.
Foram tomadas aqui as primeiras medidas, em março. Foi aqui que a mão do combate à proliferação da doença pesou mais sobre seus cidadãos. Foi aqui também que o comércio ficou por mais tempo fechado para segurar o coronavírus.
O recado que a liberação do futebol passa é que as coisas estão melhores e até uma atividade esportiva que é a paixão do gaúcho pode ser retomada. Que os próximos dias provem que a lógica está certa e que vale a pena arriscar.