Cresceu a pressão sobre uma das decisões mais difíceis e delicadas dessa pandemia: apertar o botão do lockdown. Lockdown é parar tudo, permitir que a população apenas saia de casa em caso de extrema e justificada necessidade. A medida foi adotada em países europeus e em algumas capitais no norte do Brasil.
Porém, nessa semana, a partir de uma nota da Sociedade de Infectologia do Rio Grande do Sul, o movimento ganhou força. A palavra "lockdown" gravitava as reuniões do Comitê de crise da prefeitura de Porto Alegre. Há duas semanas, diante dessa possibilidade, o prefeito Nelson Marchezan não afastou em definitivo, mas preferiu resistir. A decisão cabe à prefeitura de Porto Alegre. O ritmo de internações em leitos de UTI aumentou, deixando os hospitais perto do nível máximo de lotação.
Hoje, no início da tarde, haverá nova rodada de conversas entre o Comitê de Crise da prefeitura com representantes de hospitais. Da diretora-presidente do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Nadine Claussel, virá uma defesa vigorosa da adoção do lockdown. A médica acredita que não existe outra saída para evitar o colapso do sistema de saúde. A UTI para pacientes com covid-19 do Clínicas é a maior do Estado, e nesta sexta-feira tinha 84 pacientes, entre confirmados e suspeitos de infecção, o maior número desde o início da pandemia. O avanço da doença obrigou a Santa Casa a suspender as cirurgias para transplantes de órgãos. Com isso, equipes ficarão dedicadas ao atendimento de pacientes com coronavírus. O diretor médico da Santa Casa, Antonio Kalil, vê com mais cautela a adoção de lockdown.
- Neste momento, seria uma medida mais radical. Se as pessoas realmente compreendessem a necessidade de isolamento social, seria mais importante agora. É momento de conscientização.
A decisão estará sobre a mesa do prefeito Nelson Marchezan hoje à tarde. Até agora, a tendência é que o prefeito e o comitê mantenham as medidas restritivas atuais, sem avanço ainda maior sobre o isolamento.