Um efeito colateral da tragédia brasileira pode servir de luz no fim do túnel para o mundo.
O Brasil amanheceu na capa da rede CNN internacional: "Curva da covid-19 no Brasil pode ser a chave para uma vacina global", diz a manchete desta sexta-feira (17) da rede americana. Em uma grande reportagem, a emissora explica por que o país é um dos poucos locais a testar vacinas experimentais contra o coronavírus: "O caos no Brasil fornece um laboratório global para a corrida à vacina".
Conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), até esta semana, 163 vacinas contra covid-19 estavam sendo desenvolvidas em todo o mundo - 23 delas iniciando ensaios clínicos em seres humanos.
Porém, apenas duas atingiram a fase 3, a última etapa, que exige ensaios em larga escala com milhares de indivíduos: a da Universidade de Oxford (Reino Unido), em parceria com a empresa AstraZeneca, e a chinesa, desenvolvida pela Sinovac Biotech. O produto da americana Moderna anunciou no dia 15 que também integrará esse seleto grupo a partir do dia 27, com 30 mil voluntários.
Mas por que o Brasil? Com a primeira onda relativamente controlada na Europa (onde agora é verão), o grande local de testes passa a ser a América do Sul, e, em especial o Brasil, onde o número de casos ultrapassou 2 milhões. Trata-se de uma combinação incomum e atraente para a pesquisa: uma taxa de transmissão disparada, centros de pesquisa respeitados internacionalmente e o sistema de saúde pública com experiência no desenvolvimento e distribuição de vacinas. Com as perspectivas otimistas de se ter uma vacina até o outono (no hemisfério norte), a Europa enfrentaria uma segunda onda no inverno já com a imunização disponível.