A notícia sobre uma possível negociação de Kannemann com o Independiente da Argentina é apenas mais um caso da fragilidade dos clubes em relação ao mercado e a legislação do futebol brasileiro.
O contrato do ídolo argentino com o Grêmio termina em dezembro, o que já permite que o jogador assine um pré-contrato com qualquer clube. Esse quadro abriu a porta para sondagens e propostas de todos os lados.
Neste cenário, em casos passados, mesmo com contratos longos, o clube se acostumou a cobrir financeiramente as sondagens dos clubes diante da pressão de agentes e jogadores. Esse procedimento, criou uma cultura perigosa, que, além de inflar a folha de pagamentos, deixou a especulação tomar conta do ambiente.
Essa não é uma prática apenas do Grêmio. Essa lógica é comum entre os grandes clubes, que são pressionados por informações - muitas vezes surgidas de outros países - e que aceleram um processo sem volta. Pagar mais é a única forma de conter as especulações e diminuir a pressão. Os contratos dos jogadores, em razão disso, acabam sempre tendo um prazo menor do que o estipulado. Nos contratos de quatro anos, por exemplo, ao final do segundo ano, os destaques se valorizam e acabam recebendo aumentos vultosos. Já os que fracassam acabam utilizando todo o tempo, porque a valorização não acontece e a especulação, por óbvio, nunca surge. Ou seja, o clube sempre paga.
Kannemann é apenas mais um exemplo. Ou renova, ou a crítica consome o ambiente. Entender o contexto e não individualizar é ainda mais complexo. O planejamento, por vezes, some diante de tamanha pressão e o custo, claro, sai do modelo desenhado. É perverso, mas é assim. O futebol brasileiro e a sua legislação acabam beneficiando agentes, jogadores e deixam clubes e dirigentes reféns do sistema.
Prestem atenção no número de especulações nas janelas de transferência do futebol brasileiro e a quantidade de renovações que acontecem neste período e vocês terão ideia do tamanho do problema. É o sistema jogando. E, infelizmente, os clubes pagando (e quebrando).