João Fonseca está eliminado do Australian Open. A longa série de vitórias, incluindo dois títulos e as manchetes do mundo todo após eliminar um top 10 do ranking foram justas e merecidas, assim como tantas outras ainda virão em sua carreira.
O que resta agora é saber como irão se comportar os torcedores de ocasião. Aqueles que só torcem quando o resultado é positivo, mas que no primeiro insucesso já questionam a qualidade do atleta. E isso vai ocorrer.
E não será momentaneamente após o insucesso de hoje, mas em outras derrotas que surgirão. Afinal, a quantidade de torneios perdidos sempre será infinitamente maior que a de vencidos, mesmo para os fora de série.
Mas o fato de João Fonseca ter trazido o tênis aos holofotes de um país que vive apenas de um esporte e que ocasionalmente lembra da existência de outros deve ser saudado. Aliás, alguém lembra que Bia Haddad Maia foi semifinalista de Roland Garros e que sua partida contra Iga Swiatek, então líder do ranking feminino, foi transmitida em tevê aberta?
E não faz tempo. Precisamente isso aconteceu em junho de 2023. Nesse período ela já foi top 10, ganhou títulos e segue tendo sua qualidade questionada. Afinal, não se vence em todas as semanas. E num país onde apenas o primeiro lugar interessa, ser uma das 20 melhores do mundo por três anos seguidos é pouco.
Mas voltemos ao nosso fenômeno de 18 anos, que seguirá encantando o mundo e que muito em breve será campeão de algum torneio do circuito e que tem um caminho aberto para se tornar um dos grandes da modalidade. A partir de agora, ele passará a ser cobrado por resultados, títulos.
Ainda em transição do juvenil para o profissional, será necessário um forte trabalho de sua equipe para que esse processo de exposição não o torne vulnerável e que os questionamentos, especialmente dos entendidos de ocasião, não atrapalhem sua trajetória. Além do físico e da técnica, o aspecto mental é fundamental.
Muitas perguntas e questionamentos irão surgir. E agora, João? Qual será o seu futuro ? Foi algo de ocasião ? A resposta é. Bem vindo ao mundo do esporte de alto rendimento do Brasil. Onde vencer é obrigação e perder pode ser o fim do mundo, mesmo que não seja. Daqui alguns dias, tem Copa Davis contra a favorita França e 2025 reserva um calendário repleto de um futuro brilhante que está apenas começando.