A atitude tomada pelo jogador da seleção brasileira masculina de vôlei e do Sada Cruzeiro, Wallace de Souza é simplesmente inaceitável. E aqui não se trata de política, como pode parecer em um primeiro momento. Esse tema tão polêmico no Brasil, nos últimos anos, é pano de fundo, mas não pode ser justificativa para pregar a violência. O que fez o campeão olímpico no Rio 2016, é criminoso.
Wallace sempre foi um atleta de admirável carreira e uma liderança dentro da seleção e dos clubes que defendeu. Sua importância para a modalidade é tamanha, que no Mundial disputado no ano passado, ele foi chamado às pressas para ajudar a equipe comandada por Renan Dal Zotto, após lesões dos principais jogadores de sua posição, a de oposto, aquele que é o cara responsável por receber a bola no momento de maior dificuldade nos jogos.
E mesmo depois de ter anunciado a aposentadoria da seleção, no encerramento dos Jogos de Tóquio, ele topou o convite e e aos 35 anos, após um breve período de treinamentos, lá estava ele ajudando a seleção a garantir uma medalha de bronze e liderando um grupo renovado.
O mais assustador na "enquete" de Wallace é tentar normalizar o fato, como fez seu clube, o Sada Cruzeiro, que em nota disse "lamentar a situação" e pregar cautela. O clube mineiro ainda disse que "as redes sociais podem parecer um espaço onde tudo está liberado" e que "a violência nunca deve ser exaltada ou estimulada". A nota é desastrosa. Em nenhum momento o clube condena a atitude ou diz que irá tomar providências sobre o caso, algo bem diferente ao que foi feito pelo rival Minas Tênis Clube, quando outro campeão olímpico, o meio de rede Maurício Souza também usou as redes para destilar sua ira preconceituosa e homofóbica, o que lhe gerou a rescisão contratual.
Ser campeão não é apenas ganhar medalhas, empilhar conquistas. É acima de tudo ser exemplo para quem os admira, especialmente crianças. E pregar violência e preconceito é algo que deve ser combatido e tratado como a Constituição determina.