O anúncio feito pelo Ministério do Esporte de que irá destinar R$ 660 mil ao projeto Remar para o Futuro deve ser saudado. Afinal é um valor importante para a continuidade do mesmo. Mas lanço uma questão: não poderia ter vindo antes? Foi necessária uma tragédia que abalou uma cidade e que deixará nove famílias marcadas para todo sempre para que isso viesse a ocorrer?
Sinceramente, não tenho a resposta. Mas carrego o temor de que um ato político esteja por trás disso, o que no Brasil em nada surpreende. Espero estar totalmente errado. Mas os fatos e os anos de vida me levam a crer o contrário, infelizmente. Mas vamos todos torcer para que o Remar para o Futuro siga seu propósito, mas sempre lamentando que ele tenha se tornado conhecido pela tragédia.
E aqui lembro de um conversa que tive com um dos atletas revelados nas águas de Pelotas, Piedro Tuchtenhagen, que em outubro de 2023, durante os Jogos Pan-Americanos de Santiago, no Chile, me disse que o projeto foi um divisor de águas em sua vida.
O acidente, as mortes, enfim, tudo é muito recente em nossas memórias. Mas não podem ser apagados. Que realmente a parceria dê "continuidade da prática do remo na região, fornecendo suporte necessário para as atividades e valorizando talentos locais, enquanto honra a memória dos atletas afetados pela tragédia", como informou o ministério.
Aliás. Que o ministério e nossos políticos espalhados país afora lembrem de tantos outros projetos existentes, que têm o mesmo poder do Remar para o Futuro e os incentivem. Que não seja necessária outra tragédia para que o esporte e projetos que contribuem para a sociedade voltem a ser lembrados.
Por que infelizmente para as famílias do Samuel, do Henri, da Helen, da Nicole, da Angel, do João Kerchiner, do Vítor, do professor Oguener e do motorista Ricardo, esse apoio chegou tarde demais. Afinal, vidas não têm preço.