Um gaúcho está próximo de subir ao pódio nos Jogos Pan-Americanos de Santiago. O barco do duplo skiff, do pelotense Piedro Tuchtenhagen (Grêmio Náutico União) e do paulista Tomás Levy, venceu sua série semifinal nesta terça-feira (24) e registrou a segunda melhor marca do dia, com 6min34s14 — garantindo vaga na final.
Dessa forma, eles disputarão um lugar no pódio nesta quarta-feira (24), às 9h10min, e terão como rivais os argentinos Agustín Scenna/Axel Haack, os uruguaios Newton Seawright/Martín Zocalo, os norte-americanos Mark Couwenhoven/Casey Fuller, os cubanos Reidy Cardona/Carlos Ajete e os chilenos Brahim Alvayay/Andoni Habash. Os brasileiros competirão na raia 4.
—Aqui, estamos bem tranquilos em relação à final desta quarta-feira. Eu acho que não temos nada a perder. Somos bem novos e estamos subindo de categoria. Então, estamos bem tranquilos. Queremos fazer uma prova para o tudo ou nada e ir para cima dos adversários. Temos barcos bem fortes ali de Cuba, Estados Unidos, Uruguai... É final de Pan-Americano, então ninguém é bobo. Acho que vai ser um dia bem legal para ficar marcado na nossa memória — disse Piedro.
As primeiras remadas
O gaúcho começou a remar no "Projeto Remar para o Futuro", que é da prefeitura de Pelotas em parceria com a Academia de Remo Tissot (RS), o Centro Português (RS) e o Flamengo (RJ). O programa tem coordenação geral do professor da Universidade Federal de Pelotas (Ufpel), Fabrício Boscolo e, como treinador e coordenador técnico, Oguener Tissot.
Formador de grandes talentos do remo brasileiro, o projeto pelotense existe desde 2015 e visa formar atletas de alto nível para que cheguem aos Jogos Olímpicos e possam competir pela seleção brasileira, buscando jovens da rede municipal de ensino da cidade. Quem rema por lá, pode ficar até os 19 anos, quando é encaminhado para um grande clube do país ou então para universidades no Exterior.
— Graças a esse belíssimo projeto, eu e outros jovens pudemos ter grandes vivências no esporte, conhecer lugares, competições incríveis, enfim. Eu tenho um orgulho muito grande do projeto. Todos os anos tem atletas em campeonato mundial e campeonatos sul-americanos e com conquistas nacionais muito expressivas — conta Piedro, com orgulho, sobre o "Remar para o Futuro".
Oguener Tissot, em contato com a reportagem de GZH, contou que Piedro é o primeiro atleta a concluir o processo. Dois meses depois do início do programa, aos 14 anos, o gaúcho começou no projeto. Influenciado pela irmã Aline, não pensava em seguir carreira no remo. Pensava em usar os trabalhos nas águas para melhorar o condicionamento físico em outro esporte.
— Veio influenciado pela irmã, que era uma das nossas estagiárias. Não gostava muito da modalidade, queria ganhar preparo para o futebol, mas começou a gostar e a trilhar uma campanha de sucesso. Ele sempre foi muito determinado. Logo quando começou a tomar gosto pelo esporte, sempre botou na cabeça que queria chegar aos Jogos Olímpicos — revelou o coordenador do "Remar para o Futuro".
De Pelotas para o Rio de Janeiro. Logo depois de sair da categoria júnior, Piedro foi para o Flamengo e seguiu seu projeto de formação. Na capital fluminense, começou a empilhar conquistas, não só de pódio, mas de se superar na carreira — já participou de três campeonatos mundiais.
Em 2023, ainda sem clube, foi campeão sul-americano na categoria Single Skiff peso leve. Neste ano, resolveu voltar para casa. Para ter mais tranquilidade e ficar mais perto da família, Piedro, ao lado da noiva Evelyn, optou por treinar e competir pelo União.
— Para poder conquistar maiores resultados internacionais, a gente decidiu ir para o União, ficar mais próximo também da família e ter uma tranquilidade, uma paz maior de conviver lá na Ilha (do Pavão). Todo o apoio que a gente precisa. Estamos bem felizes com todas as decisões e com todos os acontecimentos — disse o finalista desta quarta.