O esporte do Rio Grande do Sul sofreu uma grande derrota na semana que passou. Sem obter patrocínios que cobrissem custos de R$ 1 milhão de reais para confirmar sua participação na Superliga B masculina de vôlei, que terá início em dezembro, a Sogipa se viu obrigada a renunciar a vaga conquistada em quadra com o título do Grupo Sul da Superliga C.
Um dos mais tradicionais clubes do esporte gaúcho e com sete medalhas olímpicas conquistadas, a Sogipa teve mais atletas no pódio das Olimpíadas do que a dupla Gre-Nal na relação de jogadores que foram campeões do mundo com a Seleção Brasileira — dos oito gaúchos campeões de Copa, só dois jogavam em Porto Alegre quando da conquista mundial.
Se o judô sogipano é forte e base da seleção brasileira, com atletas e até o técnico da equipe masculina, isso é fruto do que os atletas produziram e em especial a partir de João Derly, primeiro bicampeão do mundo nascido no Brasil.
Mas até para ele ter reconhecimento e patrocínios suficientes foi uma tarefa muito complicada. Quem conhece a história dele e do técnico Kiko Pereira com "uma pastinha, batendo de porta em porta", como diz o sensei sabe o quão difícil foi.
Muitos poderão perguntar e porque não passa parte do recurso do judô para o vôlei, por exemplo. A resposta é: a conta não vai fechar e as duas modalidades sairão perdendo.
E é incrédulo, que escrevo essa coluna para dizer que não foi possível ter empresas que arcassem com esse milhão, valor que corresponde ao que muitos jogadores de qualidade discutível recebem no futebol brasileiro. O empresariado gaúcho e o público que consome esporte parece querer apenas um produto. Pensar assim é uma derrota do esporte, é uma derrota do Rio Grande do Sul.
A desistência da Sogipa de participar da Superliga B de vôlei por não conseguir patrocínio é exemplo da falta de apoio ao esporte no Rio Grande do Sul, com raras exceções.
É por isso que empresas que apoiam o esporte merecem os maiores aplausos possíveis, especialmente aquelas que tem olhar para projetos de clubes ou sociais, que além de servir ao desenvolvimento esportivo também servem à sociedade.
Que um dia, o gaúcho goste de esporte e não apenas de Gre-Nal. Vida longa aos clubes que lutam bravamente para manter modalidades que não sejam aquela criada pelos ingleses.