O Mundial de Aletismo disputado em Eugene, nos Estados Unidos, terminou no domingo (24) com um bom desempenho do Brasil. A Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) levou ao Oregon 58 atletas — 23 no feminino e 35 no masculino — e, como era de se esperar, nem todos viajaram em condições de disputar medalhas ou até mesmo um lugar nas finais.
Mas as duas medalhas conquistadas no evento, o ouro de Alison dos Santos nos 400m com barreiras, e o bronze de Letícia Oro Melo no salto em distância merecem muito reconhecimento.
Invicto na temporada, Alison entrou como um dos favoritos e confirmou sua condição ao não dar chances para os rivais, incluindo o norueguês Karsten Warholm, campeão olímpico e recordista mundial, que sequer foi ao pódio e o medalhista de prata em Tóquio, o americano Rai Benjamin, que novamente foi o segundo colocado.
Piu, como o paulista de 22 anos é chamado, deve quebrar o recorde mundial da prova até os Jogos Olímpicos de Paris-2024. Ele mesmo falou que isso é um objetivo e que não se trata de saber "se, mas sim quando" isso acontecerá.
Letícia tem como um de seus sobrenomes "Oro", que em espanhol significa ouro, e sua surpreendente medalha de bronze na primeira competição disputada fora da América do Sul e apenas a quinta internacional teve um enorme gosto de ouro.
A catarinense de 24 anos surpreendeu a si própria com o feito alcançado em um dos estádios mais icônicos do atletismo mundial, o Hayward Field, uma espécie de Maracanã ou Wembley da modalidade.
E ainda tivemos Thiago Braz em quarto no salto com vara, deixando a medalha escapar por detalhe, Darlan Romani mantendo constância no arremesso de peso e ficando em quinto, Caio Bonfim terminando no Top-10 nas duas provas da marcha atlética, Viviane Lyra terminando em oitavo e com recorde nacional nos 35km da marcha feminina, mesma posição de Daniel do Nascimento na maratona a menos de um segundo do pódio, e o revezamento masculino 4x100m e o triplista Almir Júnior (Sogipa) em sétimo.
Resultados que somados a outras seis semifinais atingidas dão esperança de que o atletismo brasileiro volte a crescer e ter um lugar de relevância no cenário mundial, deixando de depender de brilhos esporádicos como tem ocorrido nos últimos anos.
O caminho está traçado e o que pode dar muita esperança para quem deseja ver o crescimento da modalidade tem um nome, Jorge Bichara. O ex-diretor de esportes do Comitê Olímpico do Brasil (COB), demitido sem explicações técnicas em março, é o novo diretor técnico da CBAt.
Nomeado no final de maio, Bichara ainda não teve tempo de "colocar a mão na massa". Mas a partir de agora, com o término do Mundial seu trabalho e métodos serão implementados e com certeza os reflexos serão percebidos, assim como ocorreu em sua passagem no COB, quando o Brasil passou a ter desempenhos em grandes eventos como Jogos Olímpicos e Pan-Americanos.