Cris Silva começou um novo capítulo na carreira, em 13 de abril, quando o estreou, na RBS TV, o Baita Sábado, programa de entretenimento apresentado por ela e Giulia Perachi. No entanto, logo seguida, fez uma pausa forçada e passou a integrar a força-tarefa da cobertura sobre a enchente no Rio Grande do Sul, que uniu profissionais ligados às áreas de jornalismo, esporte e entretenimento da emissora. Ao lado de outros comunicadores, conduziu o Ajuda Rio Grande nos períodos mais críticos das inundações no Estado.
Com 18 anos de Grupo RBS, Cris conta quais são os desafios de transitar entre notícias factuais e conteúdo com mais leveza. Confira!
Agora consolidada no entretenimento, à frente do Baita Sábado e do Conecte 1ª Edição, da 92, retornou emergencialmente ao jornalismo para a cobertura especial sobre a enchente histórica. Como foi esse movimento?
Eu acho que o jornalismo é mais ou menos como andar de bicicleta: depois que a gente aprende, não desaprende. É uma profissão que está na nossa veia. A gente enxerga a pauta, vê possibilidades de contar uma história, de ajudar alguém, porque isso é da profissão. Então, quando eu vou para o entretenimento, isso vai junto comigo, e tem momentos que preciso deixar um pouquinho de lado o entretenimento pra ser uma jornalista mais dura de novo.
Qual foi a principal mensagem que tentou transmitir ao vivo, no Ajuda Rio Grande, e nas suas redes sociais?
Neste momento, assim como em outras coberturas de tragédias, como a da Boate Kiss, precisa estar todo mundo junto. Na empresa, não é diferente, né? A gente une o esporte, o entretenimento e o jornalismo para essa cobertura, e eu acho que a gente traz um pouco de leveza também para os assuntos, porque a imagem de quem trabalha com esporte remete a algumas coisas que eu acho que são legais, a imagem de quem trabalha com jornalismo também, e a imagem de quem trabalha com entretenimento também. Essa composição, esse misto, garante que os programas sejam do jeito que são, né, excepcionais. O Ajuda, por exemplo. Quando eu iria apresentar um programa junto com o Léo Saballa Jr. ou com a Simone Lazzari? Isso permite que a gente se junte e apresente ao público tudo o que uma cobertura especial pode levar e exige, né?
Acha que foi mais difícil transitar do jornalismo para o entretenimento ou o contrário? O que exigiu mais jogo de cintura?
O entretenimento é mais o meu chão. O jornalismo, não que o entretenimento não precise de uma produção, mas uma cobertura em que a gente está levando informação, com checagem de fatos, é uma demanda que exige bastante estudo daquilo que vai apresentar, entende? No entretenimento não tem isso? Tem, mas é mais leve. Se eu cometer algum erro, o dano é bem menor do que se eu cometer um erro de informação. Então, a gente tem que estar muito mais preparado nessas coberturas jornalísticas.
Vivemos inúmeros momentos difíceis nesses últimos dias. Teve algum que abalou o lado emocional da Cris?
Quando eu visitei alguns abrigos, para entrar ao vivo, é ali que a gente tem um pouco mais da noção, porque a gente não tem a noção exata das coisas. Só quem está sofrendo, quem precisa sair de casa, quem está dormindo num colchão ou quem está dormindo de forma improvisada tem a noção do que isso realmente impacta na vida. Quando você vai conversar com as pessoas e se coloca na realidade delas, é que surge um sentimento de impotência, um sentimento de culpa muito grande por não poder ajudar mais. E assim: jornalista gosta de solucionar as coisas, né? E para muitas, a gente não tem solução. É mais duro. Então, quando eu vou, quando eu me aproximo das pessoas, é mais pesado. É um sentimento de injustiça. Poxa, eu queria que as pessoas tivessem a dignidade que eu tenho de tomar um banho quente e dormir, sabe? Uma irritação também muito grande, porque eu acho que, às vezes, o poder público tem que rever muita coisa. Tem que funcionar a engrenagem em todos os aspectos.