Há um ano, eu e meu parceiro Lucianinho Périco começamos a jornada de Caminhos para a Vitória, um reality show dentro do Globo Esporte, no qual nós propusemos a cuidar mais da nossa saúde.
Lá no início da primeira temporada, fomos submetidos a uma série de exames, entre eles, o teste ergométrico: aquele de esteira que analisa como o coração do paciente reage ao esforço físico. Agora, ao fim da segunda edição de Caminhos, refizemos a avaliação para entender o quanto ganhamos de resistência nesse tempo de maior dedicação e cuidado com a nosso bem estar. Adianto aqui que o meu resultado gerou, inicialmente, frustração, mas entendi que precisava ressignificar o sentimento e entender que ele merece celebração.
São alguns passos, quatro ou cinco metros, para percorrer o corredor do Hospital São Lucas e chegar até a recepção. A Alice que andou nesse espaço há um ano era muito diferente da de agora. O cabelo mais comprido, motivo de brincadeira do meu colega, é o sinal mais visível, mas vai muito além disso. Quando nos propusemos a entrar nesse desafio, sabíamos que era pra buscar mudança.
O Lucianinho tinha um caminho mais complexo a percorrer. Vinha de índices de glicemia que precisava controlar e de um sedentarismo que o colocava em uma condição de atenção.
Eu estava bem condicionada, mas com o corpo ainda em recuperação do tratando de químio e radioterapia. Enquanto o auxiliar do Dr. Bodanese, cardiologista que nos acompanha, espalhava eletrodos pelos nossos corpos para começar a verificação, eu pensava em tudo que ja tínhamos percorrido.
Eu introjetei o exercício físico de tal forma na rotina que, quando sou impedida de praticar por qualquer motivo, chego a estranhar. Esses dias tirei uns sinais e a dermatologista pediu que eu ficasse duas semanas sem ir à academia. Fiquei louca de saudade de me mexer! O reflexo dessa dedicação natural está no meu corpo. E não estou falando de questões estéticas. Até sinto que ganhei mais tônus muscular, mas foi a resistência que melhorou muito. Fico menos cansada quando preciso subir uma escada, carregar as muitas mochilas e bolsas de todos os dias, e até para brincar com o meu filho, Martin, ficou mais fácil. Os sinais de uma melhora de condicionamento físico, se eu tivesse que contabilizar, diria que foi de 200%. Não foi o que o resultado do exame indicou.
Após alguns minutos de caminhada e depois corrida, monitorados por muitos cabos, terminamos exaustos. Uma cadeira foi colocada em cima da esteira e ficamos ali retomando o fôlego enquanto o médico imprimia nossos resultados. Depois de um certo mistério, ele revelou que, após este ano de dedicação, o Lucianinho tinha conseguido uma melhora de 20% na sua condição cardiovascular. Uma evolução incrível. Comemoramos juntos.
— A Alice teve uma melhora menos significativa, mas também porque ela já estava mais condicionada — continuou o doutor.
Tá,10%, pensei eu.
— Ela teve uma melhora de 2% no resultado dos testes — finalizou o cardiologista.
Quase me escondi de vergonha! Poxa, tanto trabalho para só 2%!
“Não é só, Alice!”, foi do Dr Bodanese a primeira correção. Seguido pelo Lucianinho e pelos colegas de equipe. O resultado foi apenas um número, mas o benefício que sinto no corpo e na mente após esse ano de mais cuidado com a saúde é imensurável. E no fim, a breve frustração com o número da avaliação foi um indicativo de que é preciso seguir.
O percurso de mudança de estilo de vida é lento e gradual, passinho a passinho, 1% de cada vez.