"Eu comecei a chorar muito, amiga", me contou a Kelly Costa com os olhos cheios d'água quando falávamos sobre a convocação dela para estar na Copa do Mundo no Catar. A Kelly vai para a primeira grande cobertura da carreira e a mistura de emoções que toma conta da gente no momento de um sonho realizado desaguou em lágrimas para ela.
"Fiquei até com vergonha de ter chorado tanto", completou a Kelly. Vergonha do que? Pensei eu. Tem de sentir é um orgulho gigantesco, inclusive dessa emoção, que, na minha opinião, é sempre bonita. O mesmo orgulho que eu estou sentindo de ver uma colega tão dedicada e uma amiga tão querida se preparando para um momento tão especial.
A emoção da Kelly me remeteu à minha primeira cobertura de um grande evento esportivo. Foi nos Jogos Panamericanos do Rio de Janeiro, em 2007. Custo a acreditar que já se passaram 15 anos. O debut do meu debut. Eu tinha só 21 anos e absolutamente tudo parecia um sonho. Lembro claramente da partida de Porto Alegre e do meu constrangimento de contar aos colegas mais experientes que até andar de avião era um desafio. Ele só aumentou quando me deparei com jornalistas do mundo todo circulando pelo famoso IBC, o International Broadcast Center, o coração das operações de transmissão.
Eu, pequeninha, lá do Sul do Brasil, de Porto Alegre, estava entre os melhores do mundo. Como assim? Com o passar dos dias fui entendendo meu lugar ali e percebendo que era só mais uma oportunidade de fazer o que amo, de me divertir como sempre com o meu trabalho. Obviamente com uma carga emocional muito maior porque nesses casos estamos sempre vivendo e registrando momentos históricos, marcantes, para os atletas, para o país, e, portanto, para nós jornalistas. Mas ali no tête-à-tête com o atleta, segue sendo uma conversa, através de um microfone, para contar uma história.
Desde aqueles jogos do Rio, já estive em duas edições de Olimpíadas, no próprio Rio de Janeiro e em Tóquio, no Mundial de 2017 do Grêmio, em Abu Dhabi, e em duas Copas do Mundo, no Brasil e na Rússia. Aprendi mais sobre como funcionam as dinâmicas desses eventos e algumas técnicas importantes para quem está trabalhando.
É preciso ir com calma. "Grande evento esportivo é maratona e não 100 metros rasos", me ensinou nosso eterno guru Marcelo Rech, em uma dessas jornadas, quando trabalhei tão intensamente nos primeiros dias que acabei passando mal. É preciso segurar a ansiedade e a emoção.
Não consegui segurar nada disso quando recebi do nosso chefe Tiago Cirqueira a notícia de que estaria na Copa do Catar. A emoção veio forte. A pandemia, a instabilidade econômica, o ano eleitoral, tudo é insegurança, mas justamente nesse cenário o Esporte ganha relevância. Junto com bravos e competentíssimos colegas, vamos atravessar o mundo com a missão de conectar pessoas, e, sinceramente, não vejo nada mais bonito e poderoso do que esse evento para isso.
A tão comentada "lista do mineiro", com os convocados do Grupo RBS saiu, e o privilégio de estar nela é enorme. Porque o time é feito de profissionais gigantes. Teremos Pedro Ernesto Denardin e sua incrível décima segunda Copa. José Alberto Andrade e um sem fim de experiência em mundiais. Eduardo Gabardo e suas muitas fontes incríveis. O incansável repórterzão Rodrigo Oliveira. Diogo Olivier e Léo Oliveira e suas análises precisas. Luciano Potter e Rodrigo Adams com a mistura perfeita de entretenimento e informação. Meus amigos, parceiros, ídolos Maurício Saraiva e Lucianinho Périco. Os colegas da técnica que fazem a mágica acontecer. E minha companheira de tantos momentos, que agora vai pra sua primeira cobertura, Kelly Costa.
Depois de respirar fundo, naquela conversa em que me contou que estaria no Catar, a Kelly ainda disse algo que para mim foi muito tocante: "Eu sinto que estou levando muita gente junto comigo". Ela explicou que por mais que desejasse muito receber essa oportunidade não considerava ser possível de verdade e, por isso, sentia que com a ida dela faria mais pessoas acreditarem que podem ir onde quiserem. Achei lindo. E verdadeiro.
A cobertura da Copa do Catar que vocês acompanharão nos veículos do Grupo RBS será realizada por centenas de profissionais completamente apaixonados pelo que fazem, e essa paixão estará traduzida em cada conteúdo.
Bora sextar? É o convite da RBS para que todos os gaúchos estejam com a gente na busca pela sexta estrela da Seleção Brasileira, pelo tão esperado hexa, afinal, durante o mês da Copa, todo dia será sexta-feira. Quem acompanha a mim e a Kelly nas redes sociais sabe que sexta é dia de #SextouDasGu.
Publicamos vídeos fazendo dancinhas que estão viralizando e assim, brincando, nos conectamos mais com as pessoas. Pois vai ter dancinha em Doha, na frente de um estádio, no meio dos torcedores. Vai ter dancinha na Copa, sim. E se tiver mais choro de emoção, ele também será bem-vindo.