Vivi meu momento de programa de auditório e participei de um game show. Um quiz de perguntas e respostas, em que a mediadora perguntava: "está certa disso?", me deixando desconfiada a cada resposta. Confesso que mesmo estando preparada, tremi na base. O tema da sabatina era o Catar e na competição estávamos eu e o Lucianinho Périco.
Foi o encerramento de mais um mês da série "Caminhos para a Vitória", um reality que mostra nossa preparação, física e mental, para a cobertura da Copa do Mundo. Foram semanas de aulas sobre o país da Copa, economia, política, cultura.
E eu achei que esse game seria o momento de maior imersão que eu viveria até chegar a hora da cobertura. Eu só não tinha me dado conta de que viria algo muito maior antes disso: o álbum de figurinhas da Copa, que já colocou todo mundo dentro do Mundial.
Todo mundo mesmo. No grupo do condomínio no celular, a vizinha do 203 avisa que tem mais de 70 repetidas, brilhosas, raras, só esperando visita para trocar. Bancas de revistas viram pontos de trocas e reúnem grupos de crianças e adultos apaixonados e sedentos por preencher suas seleções.
Até na pet shop da esquina de casa vi um cartaz anunciando a venda dos tão desejados pacotinhos. Entrei e perguntei o motivo que tinha feito a dona decidir comercializar um item que não tem nada a ver com os produtos que ela vende. A resposta foi:
— É uma febre, eu não podia perder a chance, e está vendendo demais.
O senso de oportunidade da dona da pet foi o mesmo que aguçou um mercado virtual paralelo. Na edição desse ano do álbum, algumas figurinhas, chamadas de lendárias, mostram grandes craques do mundo em ação, e não na tradicional pose de foto 3x4.
Para elas não há espaço no álbum. São itens de colecionador, que geraram comércio virtual maluco em que se paga milhares de reais por determinadas unidades. Ainda não conheci ninguém que efetivou uma negociação como essas, mas basta abrir um site de compras online que as ofertas estão ali.
O que não tem preço é o envolvimento que esse tipo de brincadeira gera. Meu filho, Martín, tem 7 anos. Estava na barriga em 2014, na Copa do Brasil, e tinha quatro aninhos em 2018, na Copa da Rússia. Fiz os dois últimos álbuns mais para ele do que com ele, mas esse estamos efetivamente completando juntos.
Ele vibra quando conseguimos os jogadores que conhece, e se diverte com os nomes engraçados que tem até dificuldade para ler. Tem dias que ele leva para a escola e troca com os amigos, inclusive os mais velhos, é uma forma de integração geral no colégio. Tem outros dias em que eu levo para o trabalho para trocar com meus colegas, que com ou sem uma criança envolvida, colecionam e se dedicam com afinco a completar o álbum.
Os quase seiscentos rostos de jogadores das 32 seleções vão ocupando seus lugares nas páginas por aqui e a sensação que tenho é de que eles estão me encarando, como quem diz: começou. São esses mesmos caras, sorridentes, ou mais sérios, com uniformes coloridos, estampados, ou mais sóbrios, que correrão pelos gramados dos oito estádios no Catar.
Arenas que, aliás, também estão representadas em figurinhas logo no começo do álbum. Tá tudo ali no papel. Uma Copa para cada um. E a lembrança de que ela está muito perto. Segue a preparação física e mental para a cobertura e, agora, em paralelo, o objetivo de completar o álbum. A propósito, vocês têm a TUN10? Só falta ela para completarmos o time da Tunísia.