A decisão precisa ser tomada em segundos. Foco, concentração. Gotículas de suor começam a brilhar na testa. Uma leve tremedeira pelo corpo. Adrenalina. Por mais que você venha se preparando, seu cérebro pode pregar alguma peça. Atenção. Chegou a hora. Dispara? Ou permanece? Sua vida depende daquela decisão.
Eu poderia estar relatando a atividade de um sniper, um atirador de elite, em ação, mas é apenas uma metáfora. Talvez, inclusive, uma bem ruim, levando em conta meu desagrado com tudo que se relaciona a armamentos. Porém, foi a forma que encontrei para chamar a atenção de vocês e falar de um gatilho, que não tem nada a ver com o da arma, e sim, com a mente na hora de decidir: vou ou não vou fazer exercício?
O conceito de gatilho mental surgiu no meio do marketing. São estímulos que agem no cérebro das pessoas tirando-as da zona de conforto, causando reações e fazendo-as tomarem decisões, com base em um conceito social ou emocional. Quando ativados, esses gatilhos podem provocar sentimentos favoráveis ou desfavoráveis. Um despertador de emoções que é uma ferramenta poderosa para quem quer vender algum produto ou serviço, que pode inclusive ser classificado em várias subcategorias. Mas não estou aqui para falar de nenhuma em específico, e muito menos de vendas. A não ser que o que esteja na prateleira seja algo de um valor incalculável: saúde e autocuidado.
O que te faz decidir ir fazer exercício? Essa parece mais fácil de responder. A busca por maior bem-estar físico e mental, a contribuição para o bom funcionamento do coração, da circulação sanguínea, prevenção e tratamento da pressão alta, do colesterol, da diabetes, da obesidade, da respiração e até dos hormônios, enfim, a lista é longa. Sendo assim, vamos à pergunta mais difícil. O que te faz desistir de ir fazer exercício? O que acontece naquele micro segundo em que a mochila com a roupa de ginástica está pronta no carro e ao invés de seguir reto pela avenida que leva à academia, você dobra na rua que é caminho de casa? "Estou cansada, preciso dar uma dormidinha no fim da tarde" - é a argumentação do meu cérebro comigo mesma, entre tantas outras desculpas que aparecem nesse debate mental, para fugir de algo essencial.
Sim, essencial, inegociável. Se a vida do atirador de elite depende daqueles segundos antes da decisão, a nossa também depende desse momento de "sim" para o exercício. Eu tenho conseguido me exercitar movida, incialmente, por uma provocação externa: o projeto Caminhos Para a Vitória. Hoje faz parte do meu trabalho, também, cuidar da minha saúde. Mas esse movimento tem feito tão bem que só penso em continuar, independentemente da agenda de gravações. Isso porque o que seria "obrigatório" virou rotina, e com essa rotina veio um bem-estar físico e mental nunca antes experimentado por mim. Esse tem sido o gatilho mais forte para me fazer ir, mesmo quando minha mente tente buscar uma desculpa para que eu desista do exercício. É apontar e disparar sem medo, porque nesse caso a mira é só a vida, e uma vida melhor.