O governo estadual começa a montagem das barreiras sanitárias na região do Vale do Taquari neste sábado (20). O motivo foi um foco confirmado por análise laboratorial da presença da doença de Newcastle em uma granja comercial de Anta Gorda. O estabelecimento foi interditado, passou por desinfecção e todas as cerca de 7 mil aves foram abatidas e enterradas.
A Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação do Rio Grande do Sul (Seapi) disse que o abate das aves nessas situações é necessário para se impedir que o vírus saia do local.
— Vamos montar sete barreiras e trabalharemos nestes locais com até 50 servidores da secretaria, mais os soldados da Brigada Militar — explica o diretor adjunto do Departamento de Vigilância e Defesa Sanitária Animal da Seapi, Francisco Lopes.
Nesta sexta-feira (19), o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) publicou portaria declarando estado de emergência zoossanitária no RS. Isso acontece quando há risco de uma doença se propagar rapidamente entre os animais. A medida vale por 90 dias.
Na quarta-feira (17), o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) confirmou a presença da doença na granja. O diagnóstico positivo foi informado por meio do Laboratório Federal de Defesa Agropecuária de São Paulo (LFDA-SP). Trata-se de um laboratório de referência internacional para o diagnóstico da enfermidade, reconhecido pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA). Desde 2006, não havia o foco da doença no RS.
— Iniciamos a vigilância em todas as propriedades rurais num raio de três quilômetros da granja. Ao mesmo tempo, haverá as barreiras para controle de movimentação para evitar o ingresso e passagem na área perifocal de cargas com aves, camas de aviários e caminhões de rações. Vamos desviar essas cargas que teriam maior risco de espalhamento da doença — enumera Lopes.
O diretor adjunto menciona que o vírus possivelmente foi transmitido por pombos para as aves da granja, mas não tem como como assegurar isso. Outros focos suspeitos estão sendo analisados, mas é preciso aguardar o resultado laboratorial das análises. Esses demais estabelecimentos do Vale do Taquari também estão interditados. Até o momento há apenas um caso confirmado.
Foram traçados dois perímetros de vigilância, com raios de três e 10 quilômetros a partir do foco da doença de Newcastle. Segundo a Seapi, serão feitas visitas a granjas comerciais e a propriedades com criações de subsistência.
No raio de três quilômetros de distância da granja infectada, existem 75 propriedades.
— Dentro do raio de 10 quilômetros da granja com o foco confirmado, todas têm bloqueio de movimentação — cita Lopes.
Após a desinfecção, a granja passará 40 dias sem poder operar normalmente. O estabelecimento receberá de forma experimental algumas aves sentinelas. O objetivo é fazer exames posteriores até se ter certeza da inexistência de resquícios.
— É importante destacar a questão da notificação das granjas e da população de sinais de mortandade de aves, sinais neurológicos e respiratórios. Que se notifique o serviço veterinário oficial para que a gente possa ir atender o mais rápido possível caso haja a circulação viral na região — conclui.
A reportagem entrou em contato com a Brigada Militar para saber o contingente de soldados que serão destacados para participar da operação no Vale do Taquari. Até a publicação desta matéria, não houve resposta.
Casos suspeitos da doença de Newcastle devem ser notificadas à Seapi, por meio da Inspetoria ou Escritório de Defesa Agropecuária, pelo sistema e-Sisbravet ou pelo WhatsApp (51) 98445-2033.
Saiba mais
A doença de Newcastle é um vírus que atinge aves domésticas e silvestres. Os principais sinais são respiratórios, mas acontecem ainda manifestações nervosas, diarreia e edema da cabeça dos animais enfermos.
De notificação obrigatória à Organização Mundial da Saúde Animal (OMSA), a enfermidade é causada pela infecção por vírus pertencente ao grupo paramixovírus aviário sorotipo 1 (APMV-1), virulento em aves de produção comercial.