Nascidos em diferentes rincões do Brasil, revelados em costumes e sotaques não disfarçados, eles querem mostrar aos milhares de seguidores o agronegócio que vivenciam – e que vai muito além de visões estereotipadas ou ultrapassadas. Adolescentes, jovens e adultos, com formações e trajetórias de vida distintas, compartilham de propósito comum: combater a desinformação que assombra a produção agrícola no país. Por meio das redes sociais, influenciadores buscam relevância em defesa do setor ainda distante da população urbana.
Disposta a se aproximar desse movimento, a indústria de máquinas agrícolas Jacto reuniu 18 agroinfluencers do país em encontro inédito realizado no interior de São Paulo, em outubro.
– Queremos entender esse público. O grupo que esteve conosco soma cerca de 5 milhões de pessoas impactadas pelas suas redes – exemplifica Fabiano Neves, responsável pelas mídias digitais da Jacto.
Por ser um fenômeno recente, não há dados que mensuram o real impacto desse movimento – para a imagem do setor ou para empresas que passaram a apostar em influenciadores como ferramentas de marketing.
– O mundo digital é uma realidade para grande parte dos produtores. Mas a confiabilidade ainda é muito incipiente – pondera Ricardo Nicodemos, vice-presidente-executivo da Associação Brasileira de Marketing Rural e Agronegócio (ABMRA).
Para mensurar como os influenciadores interagem com o setor, a entidade incluirá o tópico na próxima pesquisa sobre os hábitos do produtor rural, realizada a cada dois anos.
– As mídias digitais têm esse poder de aproximar pessoas e realidades diversas. Mas o estágio de experimentação no agro é embrionário, é preciso ter cuidado para não confundir marketing com comunicação – indica Marcello Brito, presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag).
O papel de influenciador não é novo no agronegócio, sendo executado por produtores líderes, técnicos de cooperativas ou especialistas na área, exemplifica o doutor em Educação José Luiz Tejon, também professor de marketing em Agronegócio:
– Independentemente do meio, a influência depende da credibilidade e reputação do emissor. Os influenciadores que mostrarem solidez, e notório saber, emitirão mensagens com valor, impactando inclusive as cidades – avalia Tejon.
O PERFIL DOS AGROINFLUENCERS
Por que uma cantora de funk pode falar do agro? Foi a partir desse questionamento que a relações públicas e filha de produtores rurais resolveu fazer paródia de uma música da Anitta.
Um smartphone, um microfone preso à roupa e um gimbal (estabilizador de imagem para celular) são os itens levados à lavoura de tabaco por Giovane Weber.
Andrei Weber já fechou parceria para ações com multinacionais do agronegócio. Aos 14 anos, já tem bolsa de estudo em Agronomia garantida.
Sócios em indústria de fertilizante organomineral, no interior de São Paulo (SP), inspiram jovens por meio das redes sociais a serem protagonistas de suas histórias .